quarta-feira, 29 de abril de 2009

02/05 - A Pequena Loja da Rua Principal

A Pequena Loja da Rua Principal - Ján Kadár e Elmar Klos (1965)

Sinopse
Um inepto camponês tcheco divide-se entre a ganância e a culpa quando um chefe da base nazista de sua cidade o nomeia "Supervisor Ariano" de uma loja de botões de uma idosa viúva judia. Humor e tragédia fundem-se na sarcástica exploração da cordialidade de um homem comprometido com o horror do regime totalitário. Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1965. Foi indicado à Palma de Ouro em Cannes-1965 e a atriz Ida Kaminsca foi indicada ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz em 1965. Duração: 125 minutos.

Biografia - Ján Kadár

Ján Kadár foi um dos principais diretores thecos da história. Nasceu em Budapeste, na Hungria em 01 de abril de 1918, mas ainda criança mudou-se com os pais para, na época, recém-criada Checoslováquia, onde cresceu. Estudou cinema na Escola de Artes Industriais de Bratislava, cidade que hoje é a capital da Eslováquia. Lá, teve grande contato com o diretor eslovaco Karel Plicka, que lhe deu um grande número de aulas de cinema eslovaco. Judeu, Kadár foi levado a um campo de trabalho em 1940. Sobreviveu e em 1945 estreou na direação com o documentário "Life Is Rising from the Ruins (Na troskách vyrastá život)". Após dirigir uma série de documentários de propaganda comunista, Kadár produz em 1950 seu primeiro longa de ficção, "Katka". A partir de 1952, associa-se a outro diretor theco, Elmar Klos, e permanecem juntos por dezesseis anos. É neste período que Kadár produz os seus filmes mais significativos, sendo coroado em 1965 pelo filme "A Pequena Loja da Rua Principal" com o Oscar de Melhor Filmes Estrangeiro. Com a invasão soviética de agosto de 1968 na Checoslováquia, Ján Kandár se muda com a família para os Estados Unidos, onde dirige dois filmes, sem a parceria com Elmar Klos e sem o mesmo brilho de filmes anteriores. Ján Kadár faleceu em 01 de junho de 1978 em Los Angeles.

Principais filmes (todos em parceria com Elmar Klos):
1957 - Dům na konečné
1958- Tři přání
1963- Smrt si říká Engelchen
1964- Obžalovaný
1965- Obchod na korze (A Pequena Loja da Rua Principal)

Para maiores informações, consulte aqui a página de Ján Kadár no IMDB (The Internet Movie Database)

Biografia - Elmar Klos

Elmar Klos nasceu em 26 de janeiro de 1910 na cidade que hoje corresponde a cidade de Brno na República Tcheca. Colaborou por 17 anos com outro diretor theco Ján Kadár e juntos ganharam o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1965 pelo filme "A Pequena Loja da Rua Principal". Faleceu em 31 de julho de 1993 em Praga na República Theca.

Para maiores informações, consulte aqui a página de Ján Kadár no IMDB (The Internet Movie Database)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Mês de Maio - Nazismo

O Nazismo foi o principal responsável pelo início da 2ª Guerra Mundial e, sob o ideal da raça "pura" ariana, perseguiu e matou milhões de negros, judeus, ciganos e homossexuais. O Nazismo é um tema bastante recorrente no cinema, através de filmes que retratam a sociedade alemã da época, a reação mundial ao nazismo e as barbáries dos guetos e dos campos de concentração:

O Cine Clube Ybitu Katu exibe:
02/05: A Pequena Loja da Rua Principal - Ján Kadár e Elmar Klos (1965)
09/05: Lacombe Lucien - Louis Malle (1974)
16/05: Mephisto - István Szabó (1981)
23/05: Amen - Costa-Gravas (2002)
30/05: Um Skinhead no Divã - Suzanne Osten (1993)**

**Nesta sessão haverá um debate com o psicológo Augusto Callile.

Cartaz Maio/Junho - 2009

Clique no cartaz para ampliá-lo

quarta-feira, 22 de abril de 2009

24/04 - Suíte Havana

Suíte Havana - Fernando Pérez (2003)

Sinopse
Uma diversidade de rostos e lugares misturam-se às histórias de várias figuras anônimas neste documentário musical sobre Havana, capital cubana. Cada uma das pessoas representa a curiosa multiplicidade dos grupos sociais que vivem hoje na cidade. Os dez personagens reais representam na película as suas próprias vidas sem entrevistas, diálogos ou narração. Um jovem bailarino, uma senhora vendedora de amendoins, uma criança com síndrome de Down, um médico que sonha em ser ator, entre outros. No final, cada um dos protagonistas é apresentado com seu nome, idade e sonhos, num panorama da cidade onde um dia é sempre igual ao outro, com poucas diferenças. As profissões, os costumes, os ritos e as idiossincrasias de um povo que exibe alegria, apesar de todos os problemas. Vencedor de 19 prêmios em festivais internacionais, entre eles, Melhor Filme no Festival de Cartagena (2004), Melhor Documentário no Festival de Goya (2004) e dois kikitos no Festival de Gramado (2004). Duração: 84 minutos

NÃO PERCAM, APÓS A SESSÃO, DEBATE COM O PROFESSO CUBANO DR. JOEL MESA, DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE FÍSICA E BIOFÍSICA DO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DA UNESP-BOTUCATU.

Crítica - Suíte Havana

Carros, mar. Pratos, copos, talheres. Música. Lâmina de barbear, água, chuva. Passos, porta, bica. Música. Ruídos. De todos os tipos. Essa é a principal matéria-prima de SUÍTE HAVANA, o novo filme de Fernando Pérez, considerado o mais importante realizador cubano da atualidade.

Com sensibilidade, o diretor descreve o cotidiano de um punhado de cidadãos de Havana, uma cidade vitimada pela pobreza que os anos de socialismo e o bloqueio econômico impuseram. Uma pobreza diferente da nossa, que convive cara-a-cara com a opulência. Essa, se há (e com certeza há, porque onde há ditadura há corrupção), é destinada a tão poucos que se torna vergonhosa demais para ser mostrada. Em seu documentário, Pérez optou por não usar entrevistas e por filmar detalhadamente o cotidiano das personagens. Os planos são todos muito bem calculados, alguns rodados com suportes como carrinhos e grua, maquinário pouco utilizado em documentários. As seqüências foram montadas com planos e contra-planos, numa outra referência ao filme ficcional, onde o diretor tem o tempo de decupar, ou seja, de criar a cena a partir da montagem dos planos. A maioria dos documentários é filmada no calor dos acontecimentos, muitas vezes com câmera na mão.

Radicalizando no sentido de ritualizar o cotidiano, o diretor abre mão por completo dos diálogos (incluindo aí as entrevistas), deixando que os ruídos contem as histórias das pessoas. Diz-se que somos aquilo que fazemos, não o dizemos que vamos fazer. Esse parece ser o raciocínio de SUÍTE HAVANA. Como nós brasileiros, os cubanos são muito musicais. Isso aparece nas histórias dos personagens que trabalham com a música (há um ator, um bailarino, um transformista e um músico no filme), na diversão dos demais personagens e na fantástica trilha sonora de Edesio Alejandro e Ernesto Cisneros, o primeiro deles desenhista de som do filme. Nessa função, o profissional deve pensar tudo o que será ouvido pelo espectador ao assistir a película. Com quase nenhuma voz falando, os sons das ações dos personagens assume um papel fundamental no filme e o trabalho do desenhista de som fica mais evidente. Nesse caso, ele fez a interessante opção de musicalizar os sons captados da realidade, fazendo com que a trilha musical se integrasse por completo à narrativa.

A fotografia, por sua vez, tem um detalhamento pouco visto no cinema documental atual. Com a opção de filmar da mesma maneira que um filme ficcional, o diretor de fotografia Raul Pérez Ureta teve condições de construir a luz dos planos, o que fica muito mais visível nas cenas de interiores. As humildes casas dos personagens ganham status de territórios sagrados. Quanto às externas, a beleza da capital cubana é mais forte do que os anos de destruição a ela impostos. Havana, Patrimônio da Humanidade, é uma das mais belas cidades do mundo. É importante destacar também a montagem como guia da narrativa, revelando aos poucos as características dos personagens. Irônica e crítica, a montagem também tem uma função política, revelando através da ordenação das imagens a situação difícil em que vive o povo cubano. Apesar da aparência difícil, o filme é bastante agradável. Tanto que conquistou elogios do público em Gramado, um festival com uma platéia, digamos assim, não muito intelectual. Aliás, o filme saiu do Festival com dois kikitos na bolsa: Prêmio da Crítica e Prêmio Especial do Júri. Poético e inteligente, emocionante sem ser piegas, SUÍTE HAVANA é uma bela homenagem de seu diretor à capital cubana.

Biografia - Fernando Pérez

Fernando Pérez Valdés é um dos diretores mais consagrados na nova safra do cinema cubano. Pérez se fromou em Língua e Literatura Espanhola na Universidade de Havana e começou a trabalhar com cinema em 1971, como assistente de direção, antes de dirigir seu primeiro documentário em 1975, "Crónica de la Victoria".

Dirige seu primeiro filme não documental em 1987, "Clandestinos", mas só atinge o reconhecimento internacional com o filme "La vida es Silbar" (1998). Em 2003, dirige o documentário "Suíte Havana", que é considerado o melhor filme cubano desde a década de 80, colhendo elogios e prêmios nos festivais em que era exibido.

Atualmente trabalho em um filme sobre a vida de José Martí, um dos heróis da Indepêndencia Cubana.

Para maiores informações, acesse aqui a página oficial de Fernando Pérez no IMDB (The Internet Movie Database).

Exposição Fotográfica "Olhares de Cuba"


A Exposição Fotogáfica "Olhares de Cuba" com belíssimas fotografias da história, das paisagens e do povo cubano, se extenderá até dia 30 de maio. Não percam essa belíssima exposição que está fazendo um enorme sucesso. Vejam abaixo fotos das exposição e de alguns de seus visitantes.





segunda-feira, 13 de abril de 2009

18/04 - Lista de Espera

Lista de Espera - Juan Carlos Tabió (2000)

Sinopse
Na estação rodoviária de uma pequena cidade cubana, uma comédia (ou tragédia, dependendo do ponto de vista) está prestes a acontecer. Dezenas de passageiros aguardam ansiosamente a chegada do ônibus, com a esperança de que tenha lugares vazios para eles. A esperança se torna desolação quando o ônibus chega, mas tem uma pane em seguida. Aquilo que seria uma disputa por um lugar vazio, torna-se uma lição de solidariedade. Todos os passageiros tentam dar a sua colaboração para o conserto do veículo. Baseado em um livro homônimo do escritor cubano Arturo Arango, Lista de Espera conta de forma bem-humorada as pequenas tragédias do dia a dia da população cubana. Duração: 102 minutos

Crítica - Lista de Espera

"Lista de Espera" é um dos melhores da 24ª Mostra

É quase um apelo: não deixe de assistir ao filme Lista de Espera, de Juan Carlos Tabio e não deixe de perder um dos filmes mais bacanas que está na 24º Mostra Internacional de São Paulo.

Juan Carlos Tábio é da geração de cineastas cubanos que voltou a colocar a ilha no cenário internacional, com Morango e Chocolate, em 93, que dirigiu junto à Tomáz Gutierrez Alea. Dessa guinada, foram consecutivos os títulos de destaque dentro da filmografia cubana, como Guantanamera (outra parceria dos dois diretores, de 94), O Elefante e a Bicicleta (de Tabio, 95), e abriu as portas para novidades, como Artur Sotto Díaz (de Amor Vertical, 97), e até para a velha guarda, como Pastor Vega (de As Profecias de Amanda, de 99). Por isso deve-se sempre prestar atenção nos filmes assinados por esses nomes - quase sempre há boa coisa por trás.Lista de Espera não é diferente. Pena que não participou da mostra competitiva de Cannes (assim como não participa na mostra), pois merecia premiações.

É a história de uma dezena de passageiros que aguardam pela vinda de ônibus que os levem de uma interiorana e isolada estação rodoviária, onde esperam à horas. Só que os carros que ali chegam nunca têm mais que um assento livre, e o ônibus disponível na estação está quebrado. Assim, a solidariedade desse grupo aumenta e torna-se o ator principal do filme, propiciando que outras pequenas tramas aconteçam e alegrem o enredo. A historieta central ronda o engenheiro Emilio (Vladimir Cruz) e a comprometida Jacqueline (Tahimi Alvarino, os dois de Água Para Chocolate), que começam um receoso caso de amor. A sua volta, há um cego que tenta tirar vantagem da sua deficiência para embarcar antes dos outros (Jorge Perugorría, ótimo), o gerente da rodoviária (Antonio Valero) que procura acalmar os ânimos enquanto não chegam ônibus, e outros cativantes personagens, extraídos do conto homônimo do escritor cubano Arturo Arango.

O curioso é que cada um desses casos e todos eles juntos são, na verdade, uma divertida metáfora à ilha de Cuba. Lá estão o isolamento comunicativo e comercial, a digna conformidade revolucionária diante da vida precária, bem como a alegria, o otimismo, a esperança típicas da ilha, tudo condensado na rodoviária.Vale a pena ver e aplaudir depois da sessão.

Por Agência Estado.
Extraído de http://www.terra.com.br/cinema/noticias/2000/10/24/006.htm



sexta-feira, 10 de abril de 2009

Abertura da Exposição Fotográfica"Olhares de Cuba"

No próximo sábado, dia 11 de abril, às 19:30 no Centro Cultural de Botucatu se dará a abertura da Exposição Fotográfica "Olhares sobre Cuba". Serão exibidas fotografias da história, das paisagens e do povo cubano.
Não percam!
APOIO DA SECRETARIA DE CULTURA DE BOTUCATU

segunda-feira, 6 de abril de 2009

11/04 - Morango e Chocolate

Morango e Chocolate - Tomás Gutiérrez Alea & Juan Carlos Tabió

Sinopse
Vencedor de inúmeros prêmios internacionais (Festival Internacional de Havana, Festival de Gramado, Sundance Film Festival e Urso de Prata no Festival de Berlim), sendo o primeiro filme cubano indicado ao Oscar® de melhor filme estrangeiro, Morango e Chocolate é um dos grandes filmes da década de 90. Em parceria com Juan Carlos Tabío, o mestre Tomás Gutiérrez Alea (Guantanamera) aborda, com talento e sensibilidade, temas como tolerância e discriminação.
Cuba, 1979. David, um jovem universitário e militante comunista, conhece Diego, um professor homossexual. Entre os dois, nasce uma amizade que enfrentará os preconceitos da sociedade e do regime cubano. Duração: 108 minutos.

NÃO PERCAM: POUCO ANTES DO INÍCIO DA SESSÃO HAVERÁ A ABERTURA DA EXPOSIÇÃO DE FOTOS "OLHARES SOBRE CUBA".

Biografia - Juan Carlos Tabió

Juan Carlos Tabió é um diretor de cinema cubano nascido em Havana no dia 03 de novembro. Começou a trabalhar em 1961 para o ICAIC (Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematográficos) como assistente de produção e posteriormente como assistente de direção. Em 1963, produz seu primeiro documentário, produzindo entre 1963 e 1980 mais de 30 documentários. Nos anos de 1989 e 1990, Tabió trabalhou como professor de direção na Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de los Baños y en la Escuela de Radio, Cine y TV. Também ministrou cursos de direção em vários países da América Latina e seus filmes vêm obtendo grande destaque em festivais internacionais.

Juan Carlos Tabió co-dirigiu "Morango e Chocolate" e "Guantamera" com o grande diretor cubano Tomás Gutíerrez Alea. Para Tabió, Gutiérrez Alea foi fundamental na sua formação, pois ajudou-o a perceber a realidade imediata e a condição do homem não só em Cuba, mas em todo o mundo e, deste modo, transpor estas questões para trabalhos arrojados, onde não há propaganda rasgada do regime.
Ao contrário do escritor Guilhermo Cabrera Infante, que chegou a assumir o conselho de cultura após a expulsão de Fulgêncio Baptista, mas se exilou quando percebeu o potencial de Fidel Castro para as arbitrariedades, Tabío e Alea questionaram a ilha dentro da ilha. Foram sutis e mordazes. Hábeis e maliciosos.

Filmografia de Juan Carlos Tabió
1973: Miriam Makeba
1974: Soledad Bravo
1974: Chicho Ibáñez
1984: Se permuta
1986: Dolly back
1987: Entrevista, La
1988: Demasiado miedo a la vida o Plaff
1993: Morango e Chocolate
1994: O elefante e a bicicleta
1995: Guantanamera
1998: Enredando sombras
2000: Lista de Espera
2003: Aunque estés lejos
2008: El cuerno de la abundancia

Crítica - Morango e Chocolate


por Patrícia Alves.*











Há décadas, Cuba desperta o interesse do mundo, seja entre simpatizantes ou não. A verdade é que Cuba ainda impressiona por ser não apenas o único país latino-americano comunista, mas, principalmente, por ter engendrado uma revolução socialista, às "barbas" da maior potência capitalista mundial de então, os Estados Unidos. Porém, por mais curiosos que sejamos em relação à Cuba, conhecemos muito superficialmente sua realidade, salvo os especialistas e algumas raras exceções.

Assim, o filme Morango e chocolate (1993)* , dirigido por Tomás Gutierrez Alea (recentemente falecido e considerado um dos maiores cineastas cubanos) e Juan Carlos Tabio, pode com certeza trazer à tona discussões e reflexões acerca da complexidade histórica da realidade cubana.

Um filme cubano, baseado no conto "El bosque, el lobo y el hombre nuevo", do roteirista Senal Paz, nos remete à Havana de 1979, apresentando uma Cuba repleta de contradições em sua realidade econômica, política, social e cultural. Não foi por acaso que Morango e chocolate ganhou, em 1993, o prêmio de melhor filme do Festival de Havana, o de melhor filme no Festival de Gramado no ano seguinte, além de premiações em Berlim. Foi o primeiro filme a cruzar os limites de Cuba e entrar no grande circuito comercial e, ao contrário do que se possa pensar, não se trata de uma obra que tem como seu objetivo principal discutir a política cubana, mas sim mostrar Cuba como um todo: sua cultura e seu povo em sua plenitude.

A Havana de 1979 não é tão diferente da de hoje. Com certeza, atualmente, a situação cubana agravou-se, não apenas em conseqüência da queda do comunismo na URSS, em 1989, mas, principalmente, da perda acelerada dos recursos que provinham deste país.

A história narra o encontro de dois personagens antagônicos: David (Vladimir Cruz), estudante universitário que acredita na essência da Revolução Cubana e nas suas grandes realizações, e Diego (Jorge Perugorria, numa belíssima interpretação), um artista dissidente que luta contra o preconceito a que são submetidos os homossexuais em Cuba e exige o direito da liberdade de expressão num governo autoritário. A discussão que se trava entre Diego e David revela os dois lados de uma mesma moeda, os dois lados da Revolução Cubana. Revolução esta que, inicialmente, possuía um caráter nacionalista e que, depois, tomou a forma de uma revolução socialista aos moldes da Revolução Russa. Revolução que solucionou problemas como o analfabetismo, a prostituição, a desigualdade social, a saúde, a educação, enfim, problemas que, ainda hoje, não foram erradicados nos países do chamado "Terceiro Mundo".

David, filho de camponês que teve acesso à universidade pública, vê nessas conquistas o verdadeiro sentido da Revolução, enquanto Diego, um homossexual que sofre discriminação em seu país, contesta, a todo momento, a visão unilateral da Revolução que David possui. Aos poucos, uma lição de vida vai se desnudando em frente aos nossos olhos. O conflito pessoal que se estabelece entre os personagens nos oferece discussões elementares acerca do regime e das condições de liberdade do povo cubano, tratando também, de forma bastante sutil, de assuntos como patriotismo, segurança nacional, soberania, liberdade de expressão e realizando, principalmente, uma análise bem conseqüente da ditadura de Fidel Castro.

Historicamente, o filme é bastante fiel às dificuldades da vida do cubano, à religiosidade (mostrando as fortes influências africanas, em oposição ao ateísmo instituído pelo materialismo histórico e seguido à risca pelo regime) e às desigualdades sociais que começam a aparecer. Um tema bem enfocado pelo filme é o da discriminação sofrida pelos homossexuais cubanos que, nas décadas de 1960 e 1970, eram enviados aos chamados "campos de reeducação" com o objetivo de serem "regenerados" para o "benefício" da sociedade cubana.

A relação conflituosa dos dois personagens, que permeia todo o enredo do filme, vai, aos poucos, com maestria, guiando o espectador para o interior de Cuba: uma Cuba alegre, espirituosa, religiosa, política, humana, mas repleta de contradições. Gutierrez consegue, com bastante sutileza, nos apresentar uma Cuba muito especial, com um passado revolucionário glorioso e que tenta, mesmo ilhada econômica e militarmente, manter suas conquistas e sua soberania.

Morango e chocolate vem lembrar, segundo seu diretor, que, "acima das questões políticas suscitadas pelo governo de Fidel Castro, há um país chamado Cuba e uma forte cultura nacional".


*Extraído de http://www.oolhodahistoria.ufba.br/o3moran.html
Patrícia Alves é
pesquisadora da Oficina Cinema-História e estudante do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia

Dupla de "Morango e Chocolate" se encontra em novo filme


Notícia de 29/03/09
Extraída de http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,,7086,00.html

Vladimir Cruz e Jorge Perugorría vão dirigir e atuar juntos em 'Afinidades'.
Longa mostra dois casais que vivem experiências à beira do limite.

Os atores cubanos Vladimir Cruz e Jorge Perugorría, conhecidos por sua atuação em "Morango e chocolate", vão dirigir e estrelar juntos em "Afinidades", filme que começará a ser rodado no próximo mês.

"Afinidades", uma adaptação de um romance do escritor cubano Reynaldo Montero, conta a história de dois casais que vivem experiências à beira do limite, explicou Perugorría à AFP.

"Manteremos o mesmo espírito de 'Morango e chocolate' neste novo filme, no sentido que também haverá muito trabalho de equipe", comentou, por sua vez, Cruz.

"Morango e chocolate - codirigido por Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Taibo - estreou em 1993 e foi vencedor de inúmeros prêmios internacionais, sendo o primeiro cubano indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

O longa fez muito sucesso no mundo todo ao contar a história de três personagens que mantêm uma intensa e comovente relação de amizade, em meio aos preconceitos e incompreensões sobre a homossexualidade em Cuba.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

04/04 - Memórias do subdesenvolvimento

Memórias do subdesenvolvimento - Tomás Gutiérrez Alea (1968)

Sinopse
Retrato lúcido e poético de Cuba no começo dos anos 60, Memórias do Subdesenvolvimento é considerado um clássico do cinema latino-americano. O mestre Tomás Gutiérrez Alea oferece um olhar ao mesmo tempo carinhoso e crítico sobre os rumos da revolução de Fidel Castro, narrado pelos olhos de Sérgio, um homem que aos 38 anos se vê subitamente sozinho em Havana, depois que sua mulher e seus pais resolvem migrar para os Estados Unidos. Ao acompanhar Sérgio, o espectador é convidado a passear pelas ruas da capital cubana e a encontrar personagens reais, num filme que mistura com habilidade recursos da ficção e do documentário. "Memórias do subdesenvolvimento" foi selecionado entre os melhores filmes de todos os tempos pela Federação Internacional de Cine Clubes. Duração: 97 minutos

Assista aqui ao trailer.


APÓS A SESSÃO HAVERÁ UM DEBATE COM O PROFESSOR CUBANO JOEL MESA.

Biografia - Tomás Gutiérrez Alea

Tomás Gutiérrez Alea (11/02/1928-16/041996) foi um dos principais diretores de cinema cubano. Escreveu e dirigiu mais de 20 filmes, documentários e curta-metragens. Uma característica marcante de sua filmografia é o delicado equilíbrio que faz entre a dedicação à Revolução Cubana e a crítica sobre a situação econômica, social e política de Cuba.

Seu trabalho é representando de um movimento cinematográfico ocorrido nos anos 1960-1970, conhecido como o Novo Cinema Latino Americano que se mostrou bastante preocupado com a construção de uma identidade cultural latino-americana e com os problemas causados pelo neocolonialismo. Este movimento rejeitou a perfeição comercial de Hollywood, o cinema artístico europeu e procurou criar um cinema que servisse como instrumento político e de transformação social. De acordo com a estética do Novo Cinema Latino Americano, os filmes deveriam apresentar de forma clara um problema atual do seio da sociedade aos telespectadores, que se sentido como integrantes do filmes, estariam dispostos a se tornarem agentes de mudanças sociais.

Gutiérrez Alea, nascido em uma família de progressistas, graduou-se em Direito pela Universidade de Havana, em 1951 e foi estudar cinema no Centro Sperimentale di Cinematographia em Roma, graduando-se em 1953, sob grande influência do neo-realismo italiano. Em Roma, filmou seu primeiro longa, o documentário “El Mégano” (1953), com a ajuda de outro jovem cineasta cubano, Julio García Espinosa. Com o triunfo da Revolução Cubana em 1959, Alea, Espinosa e outros jovens cineastas fundaram o ICAIC (Instituto Cubano Del Arte y la Industria Cinematográficos), com a filosofia de que o cinema era a forma mais importante de arte moderna e que ele era o melhor meio para difundir o pensamento revolucionário entre o povo. O documentário “Esta Tierra Nuestra” (1959) de Gutiérrez Alea foi o primeiro filme realizado após o triunfo revolucionário. Nos primeiro anos de Revolução, o ICAIC se dedicou a documentários e noticiários da época, dedicando-se eventualmente a filmes de ficção, incluindo “Historias de la revolución” (1960) e “Las doce cadeiras” (1962) de Gutiérrez Alea.

Em 1966, Gutiérrez Alea alcança grande reconhecimento com o filme “Morte de um burócrata”, onde faz uma espécie de homenagem à história da comédia cinematográfica, fazendo alusões diretas ao trabalho de Buster Keaton, Laurel & Hardy e Luis Buñuel. Mas, é em 1968 é que Gutiérrez Alea produz o que seria considerada a sua maior obra-prima, “Memórias do Subdesenvolvimento”. Este filme é baseado no livro homônimo de Edmundo Desnoes e apresenta a história de um burguês, que ao ver sua família migrar para os EUA após o triunfo da revolução, decide ficar em Cuba e tentar entender o processo pelo qual Cuba está passando, mesmo sem estar disposta a tomar uma postura política. “Memórias do subdesenvolvimento” desde então, tornou-se um grande clássico do cinema latino-americano e mundial, sendo cultuado até hoje por seus longos plano-sequencia e pela colagem de imagens documentais, fotos, arquivos, clips de Hollywood e discursos de Fidel Castro e John F. Kennedy, criando um filme aparentemente desarticulado, mas bastante reflexivo.

A partir da década de 70, Gutiérrez dividiu o seu tempo entre o ensino de cinema a jovens cineastas e a direção de novos filmes. Em 1972 e 1976, respectivamente, Alea, lança mais dois filmes históricos “Una pelea cubana contra los demonios” e “La ultima cena”. Ambos os filmes são ambientados na época do domínio espanhol sobre Cuba e analisam as contradições da sociedade cubana da época, causadas pelo imperialismo, pela religião e pela escravidão. Em 1979 lança “Los Sobreviventes”, uma pequena obra-prima, mas ainda pouco conhecida do público.

Nos anos 1990, Gutiérrez adoece, forçando-o a dirigir seus próximos filmes com o amigo Juan Carlos Tabió. Em 1993, lançam “Morango e Chocolate” que alcançou um grande sucesso internacional e se tornou o primeiro filme cubano a ser indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Ele conta a história de uma conflituosa amizade entre um artista homossexual em um jovem comunista cubano. Em 1995, lançam “Guantanamera”, último filme de Gutiérrez Alea, que viria falecer em 16 de abril de 1996 aos 68 anos de idade.

Filmografia de Tomás Gutiérrez Alea:

1947 – La caperucita roja – Curta;
1950 – El fakir – Curta;
1950 – Una confusión cotidiana – Curta (Baseado no livro de Franz Kafka);
1953 – Il sogno de Giovanni Bassain – Curta;
1955 – El Mégano (com a colaboraçao de Julio García Espinosa);
1958 – La toma de La Habana por los ingleses;
1959 – Esta tierra nuestra;
1960 - Historias de la revolución;
1960 – Asamblea general;
1961 – Muerte al invasor;
1962 – Las doces sillas;
1964 – Cumbite;
1966 – La muerte de un burócrata;
1968 – Memorias del subdesarrollo;
1971 – Una pelea cubana contra los demonios;
1974 – El arte del tabaco;
1976 – La última cena;
1977 – De cierta manera.
1979 – Los sobrevivientes;
1983 – Hasta cierto punto;
1988 – Cartas del parque;
1991 – Contigo en la distancia;
1993 – Fresa y chocolate (co-dirigido com Juan Carlos Tabió);
1995 – Guantanamera (co-dirigido com Juan Carlos Tabió).

Visite aqui a página oficial de Tomás Gutiérrez Alea.

Crítica - Memórias do subdesenvolvimento


por Anubis Galardy
extraído de http://www.socialismo.org.br/portal/arte-cultura

Memórias do subdesenvolvimento, um filme sempre jovem

Basta repassar seus filmes para comprovar como o legado do cineasta cubano Tomás Gutiérrez Alea (Titón) se mantém, sem perder um milímetro de sua profundidade e frescura, provocativo e incitante, intacto em sua capacidade de arriscar.

A prova mais eloqüente é, quiçá, Memórias do subdesenvolvimento, transmitida este verão num dos espaços televisivos da ilha, para desfrute maciço de cinéfilos mas, sobretudo, como presente especial para um público jovem.

Um público ao qual põe em contato com as coordenadas históricas que o antecederam, mediante uma visão lúcida e crítica que aborda a realidade desde planos contrapostos, entretecidos numa relação dinâmica, dialética.

Uma realidade vista desde o prisma subjetivo do protagonista, Sergio, ao qual se contrapõe a realidade vital, objetiva, que o rodeia “e que pouco a pouco o vai comprimindo num cerco até sufocá-lo no final”.

Obra de rotundo esplendor, filmada en 1968, audaz artística e conceitualmente, Memórias do subdesenvolvimento foi consagrada pela crítica internacional entre as 100 melhores da história do cinema.

Baseada no livro homônimo de Edmundo Desnoes, Titón traduz às vezes literalmente passagens do romance, e outras vezes elege a livre interpretação cinematográfica, o prazer do risco e a aventura da arte.

Não nos importa em definitivo refletir uma realidade mas enriquecê-la, excitar a sensibilidade, desenvolvê-la, detectar um problema, assinala em seus apontamentos de trabalho publicados no número 45-46 da revista Cine cubano, em 1968.

Não queremos suavizar o desenvolvimento dialético mediante fórmulas e representações ideais, acrescenta, mas vitalizá-lo agressivamente, constituir uma premissa do desenvolvimento mesmo, com tudo o que significa de perturbação da tranqüilidade.

A fita mistura recursos de índole diversa, como o confessou o próprio Titón em suas notas: fotos, fragmentos de noticiários, documentos diretos, testemunhos, gravações de discursos, câmara oculta para filmar na rua.

Com um roteiro aberto ao imprevisível até o final – incluído os processos de edição e dublagem -, e com as limitações que impunha o próprio subdesenvolvimento, o cineasta tirou dessas limitações o máximo partido e apostou, sem duvidar, todas suas cartas no jogo.

“Devo dizer que este é o filme em que me senti mais livre (...), tinhamos a convicção de que o que estávamos realizando não seria logrado plenamente, que estaria cheio de descuidos e sujeiras”.

Mas também sabíamos que expressávamos o que queríamos e que portanto estávamos aportando algo nosso, sublinha.

Da fita emerge a imagem de um país e uma sociedade que nascem para tempos novos, a uma virada radical de sua história, levando sobre seus ombros a carga pesada do subdesenvolvimento.

Uma sociedade que deve empreender um caminho inédito, mas não reto e despejado, senão que tortuoso e mutante, salpicado de falsos atalhos, cimentado a partir de tropeços e erros. Um caminho que deve descobrir por si mesma.

O resultado é um filme deslumbrante, com uma poderosa carga sugestiva, revolucionária no sentido mais profundo e abarcador do termo.

Complexa, lúcida, inteligente e sensitiva, em seu momento o crítico do The New York Times Peter Schjeldahl a qualificou de obra mestra. É um milagre, disse, e também uma sacudida.

O cinema de Titón, no qual a polêmica, a lucidez, a ironia e o humor negro são componentes essenciais, inclui um punhado de filmes reveladores que põem o dedo na chaga dos problemas mais agudos como una via para enfrentá-los.

Ademais da jóia de Memórias do subdesenvolvimento, estão A morte de um burocrata, As doze cadeiras, Os sobreviventes, A última ceia, e Uma luta cubana contra os demônios, incompreendida em seu tempo.

Mas vale citar sobretudo o que constitui seu filme-testamento, Morango e Chocolate, quiçá o mais belo e comovente de sua cinematografia.

Em uma recente entrevista concedida à BBC Mundo, sua viúva, a atriz Mirtha Ibarra, com quem rodou Até certo ponto, evocou a honestidade do realizador, cuja obra é expressão de uma absoluta coerência ética e estética.

Sempre fiz os filmes que queria, disse o que queria e dei sempre o último corte, sustentava. A frase o personifica de corpo inteiro.

“As dificuldades que entranha nosso processo, afirmava, o reconhecimento dos obstáculos objetivos e da luta incessante, obsessiva, contra os obstáculos subjetivos estão no centro de minha atividade como cineasta”.

A serviço disso pôs seu talento e um elevado senso de responsabilidade.

Crítica - Memórias do Subdesenvolvimento

por Rafael Reines
extraído de http://oficinadetextos2007.blogspot.com/

A simples menção da palavra subdesenvolvimento tem tirado o sono de boa parte do povo latino-americano durante muito tempo, ela pode significar que seu país possui uma economia colonizada ou um baixo desenvolvimento industrial (IDH), ou simplesmente significar que o que vem de fora é melhor que o produto interno. Tomás Gutiérrez Alea lida com esse tópico de várias maneiras diferentes em seu filme Memórias do Subdesenvolvimento. O filme é focado na vida e nos pensamentos de Sergio, um intelectual burguês que ficou de fora da revolução - enquanto sua mulher e seus pais fugiram para os Estados Unidos - ele ficou para observar o que iria acontecer a Cuba durante a revolução. Típico homem de classe média alta, Sergio se achava superior aos demais cubanos, principalmente sobre as mulheres, que para ele eram todas fúteis e despolitizadas, ele se via como um intelectual europeu cercado de cubanos que pensavam de forma subdesenvolvida.

Usando cenas documentais da própria revolução cubana ocorrida no início da década de 60 misturadas com uma narrativa ficcional que bebeu diretamente nas águas do neo-realismo, Alea criou uma obra de caráter único que combinava perfeitamente documentário e ficção. Memórias do Subdesenvolvimento foi o 5º filme de Alea e provavelmente seu mais marcante (Morango e Chocolate, de 1994, também chegou a fazer algum sucesso, com uma indicação ao Oscar).
No filme, o termo subdesenvolvimento se refere tanto à estagnação política de Cuba quanto ao falso idealismo de Sergio. O jeito que Alea monta seu filme deve contar como seu próprio ato de resistência política: o material documental chama a atenção para uma dialética complexa do individual-grupal que é discutida por todo país.

Memórias do Subdesenvolvimento chocou os críticos dos Estados Unidos, quando teve seu lançamento pelos lados de lá em 1973, e os americanos descreveram-no várias vezes como "extremamente rico", "enorme e eficaz", "belo e subestimado" e "é um milagre". O filme não é nenhum "milagre" em si, mas simplesmente um dos exemplos mais finos do revolucionário cinema cubano, Memórias também teve uma recepção sem sal dos espectadores cubanos, apenas alguns cinéfilos retornam para vê-lo repetidas vezes. A estrutura complexa e a textura dialética presentes em Memórias do Subdesenvolvimento merecem que essas visões sejam refletidas, porque transforma os temas agora familiares da alienação e do "outsider" (aquele que assiste tudo de camarote) e os inserem num meio revolucionário. Nós nos identificamos e compreendemos Sergio, que é capaz de trazer-nos momentos do lucidez. Entretanto, nós compreendemos igualmente que sua perspectiva não é universal nem é atemporal, mais uma resposta específica a uma situação específica. Alea insiste que tais situações não são permanentes e que as coisas podem ser mudadas com o compromisso e o esforço. A história é um processo concreto e material que, ironicamente, é salvação de Sergio.






História do Cinema Cubano

O cinema chegou pela primeira vez em Havana em 24 de janeiro de 1897, trazido do México por Gabriel Veyre, para a apresentação de quatro curta metragens mexicanos ("Partida de Cartas", "El tren", "El regador y el muchacho" e "El sombrero cómico") exibidos ao lado do Teatro Tácon, hoje chamado de o Grande Teatro de Havana. Pouco tempo depois, o próprio Veyre participa do primeiro filme rodado na ilha, "Simulacro de Incendio", um documentário sobre os bombeiros de Havana. A partir de então, o cinema se espalhou rapidamente por Havana, e diversos locais começaram a exibir filmes, sendo o Teatro Irioja, hoje conhecido como Teatro Martí, foi o primeiro a divulgar o cinema como uma de suas atrações.

O primeiro gênero com grande produção cinematográfia em Cuba foi o revisionismo histórico. Nesse interím, filmes como "El Capitán Mambi" e "Libertadores o guerrilheros" (1914) de Enrique Díaz Quesada, com o apoio do General Mario García Menocal, se destacam. Além disso, nessa época também eram produzidas diversas películas adaptadas de obras literárias (o próprio Quesada adaptou uma obra do novelista espanhol Joaquín Dicenta) e imitações de comédias francesas, de Charles Chaplin e de aventuras de vaqueiros.

Até antes da revolução cubana em 1959, Cuba tinha produzido apenas 80 longa-metragens, com destaque para "La Virgin de caridas" de Miguel Santos e "Romance del palmar" de Rámon Peon. Logo depois da revolução, Cuba entrou no que seria a sua "era de ouro" do cinema e mergulhou dentro do chamado Novo Cinema Latino Americano e junto com Argentina, México e Brasil, expuseram essa nova corrente cinematográfica para o mundo. Logo após a revolução cubana, nos primeiros dias de 1959, o novo governo criou um departamento cinematográfico na Dirección de Cultura Del Ejercito Rebelde (Divisão de Cultura do Exército Rebelde), que patrocinou a produção de documentários, como “Esta tierra nuestra” de Tomás Gutiérrez Alea e “La vivienda” de Julio García Espinosa. Essa Divisão seria o embrião do que seria posteriormente o ICAIC (Instituto Cubano Del Arte y la Industria Cinematográficos), fundada em março, como resultado da primeira lei de cultura do governo revolucionário. O ICAIC presta um incalculável serviço para o cinema cubano, porque além de financiar o cinema cubano (e também muitas outras produções latino-americanas), ele montou uma das maiores acervos cinematográficos do mundo, a Cinemateca de Cuba, e construiu cinemas populares espalhados por praticamente toda a ilha.

No final da década de 60, Cuba produziria os dois maiores filmes da sua história: “Memórias do Subdesenvolvimento” de Tomas Gutiérrez Alea (1968) e “Lucía” de Humberto Solás (1969). Esses dois diretores são frequentemente considerados os melhores diretores cubanos da história e “Memórias do Subdesenvolvimento” foi selecionado entre os melhores filmes de todos os tempos pela Federação Internacional de Cine Clubes. Nos últimos anos, o filme cubano que obteve maior destaque mundial foi “Morango e Chocolate” de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabió (1994), retratando uma belíssima história sobre a intolerância e a amizade entre um homossexual e um membro da juventude comunista cubana. “Morango e chocolate” foi o primeiro filme cubano a ser indicado para o Oscar de Melhor Filmes Estrangeiro.

Os documentários e os curta-metragens cubanos também obtiveram grande sucesso internacional. O documentário “Now” de Santiago Alvarez (1965) é considerado o primeiro video clip da história. “Now” combina uma canção com uma seqüência ininterrupta de imagens mostrando a discriminação social nos EUA. Os filmes de animação também tem sido um grande destaque cubano nas últimas décadas. Em 1974, o diretor Juan Padrón deu vida à Elpidio Valdes, um personagem inesquecível para todas as crianças cubanas que lutava pela independência cubana contra a ocupação espanhola no século XIX. Outro grande sucesso da animação cubana é o longa metragem “Vampiros em La Habana” também dirigido por Juan Padrón (1983).

Cuba além de uma rica, mas ainda pouco conhecida, produção cinematográfica, também se destaca pela divulgação e ensino de cinema na América Latina. Além do ICAIC, que realiza e patrocina um grande número de filmes latino-americanos, Cuba também possui uma escola internacional de cinema, a Escuela Internacional de Cine, Televisión y Video de San Antonio de los Baños, localizada em San Antonio de los Baños, próximo à Havana. Esta escola é referência para o ensino de cinema no mundo e é mantida pelo governo cubano, por Gabriel Garcia Márquez, por Fernando Birri (pai do Novo Cinema Latino Americano) e pela Fundación Del Nuevo Cinema Latinoamericano. Em Havana, se realiza anualmente, desde 1979, o maior festival de cinema latino-americano, o Festival Internacional Del Nuevo Cine Latinoamericano

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Mês de Abril - Cinema Cubano

Cuba conquistou sua identidade e amadureceu guiada por patriotas como o poeta José Martí e em 1959, tornou-se o primeiro país socialista das Américas: por força dessa opção, na última década do século XX, viveu em singular posição de isolamento continental. No seu cinema, Cuba através de filmes carregados de simbolismos, procura retratar o cotidiano e as contradições do seu povo e de sua história.
O Cine Clube Ybitu Katu exibe:
04/04: Memórias do Subdesenvolvimento - Tomas Gutiérrez Alea (1968)*
11/04: Morango e Chocolate - Tomas Gutiérrez Alea & Juan Carlos Tabió (1994)**
18/04 : Lista de Espera - Juan Carlos Tabió (2000)
25/04: Suíe Havana - Fernando Perés (2003)*

* Nestas sessões haverá um debate com o professor cubano Joel Mesa.

** Nesta sessão ocorrerá a abertura da exposição de fotos sobre Cuba