sábado, 30 de março de 2013

30/03: Trilogia do Terror (Ozualdo Candeias, Luis Sergio Person, José Mojica Marins, 1968)

Trilogia do Terror - Ozualdo Candeias, Luis Sergio Person, José Mojica Marins (1968)

Sinopse
Três diretores contam três histórias de horror adaptadas da série de TV ''Além, Muito Além do Além''. Em ''O Acordo'' (de Candeias), uma mãe se envolve com magia negra e oferece uma donzela ao diabo em troca de desencalhar a filha solteira; em ''Procissão dos Mortos'' (de Person), um pobre, mas destemido operário, é o único homem numa cidadezinha do interior com coragem para enfrentar um grupo de guerrilheiros fantasmas que aparece durante a madrugada; ''Pesadelo Macabro'' (de Mojica) fala de um rapaz que é aterrorizado por cobras e lagartos em pesadelos nos quais é enterrado vivo. Duração: 104 minutos.

sexta-feira, 22 de março de 2013

23/03: À Meia Noite Levarei a Sua Alma (José Mojica Marins, 1964)

À Meia Noite Levarei a Sua Alma - José Mojica Marins (1964)

Sinopse
O cruel agente funerário Zé do Caixão, temido e odiado pelos humildes moradores de um vilarejo, vive a demente obsessão de gerar o filho perfeito, que possa garantir a perpetualidade de seu sangue. Ele busca pela mulher ideal, aquela que será capaz de conceber sua criança, e não hesita em matar todos que ousam interferir em seus planos. Este filme inaugura uma série de produções com o personagem clássico de José Mogica Marins, o Zé do Caixão que décadas depois se tornaria cultuado em mostras no exterior com o nome de Coffin Joe. Duração: 84 minutos.

23/03: Amor só de mãe (Dennison Ramalho, 2003) - Curta

Amor só de mãe - Dennilson Ramalho (2003)

Sinopse
Numa aldeia de pescadores, acontecimentos macabros se desenrolam numa noite de satanismo, morte e orações à Nossa Senhora da Cabeça. Duração: 20 minutos.

sexta-feira, 1 de março de 2013

03/03: O Enigma de Outro Mundo (John Carpenter, 1982)

O Enigma de Outro Mundo - John Carpenter (1982)

Sinopse
Doze homens estão em uma estação de pesquisas na Antártida, totalmente isolados do mundo. Nisso, aparece um organismo alienígena, cujo menor contato pode dominar uma pessoa e a assimilar completamente. Como é uma cópia perfeita da pessoa, esse organismo pode matar, se nutrir e proliferar livremente. Você seria capaz de confiar em alguém? De ficar sozinho com outra pessoa neste lugar? Duração: 108 minutos. 

Crítica: O Enigma de Outro Mundo (John Carpenter, 1982)

por José Aragão

Tum-tum. Tum-tum. Tum-tum. Estas duas notas foram criadas por Ennio Morricone em 1982, para o filme O Enigma de Outro Mundo, e são de uma simplicidade brilhante. Com apenas elas, Morricone conseguiu repetir o mesmo efeito que John Williams criou para Tubarão: uma trilha inquietante, marcante e assustadora.

Mas música não a única excelente qualidade que esta obra do lendário diretor John Carpenter tem a oferecer. Na verdade, em sua carreira de alguns acertos (Assalto à 13ª DP, Halloween – A Noite do Terror, À Beira da Loucura) e muitos erros (Fuga de Nova York, Príncipe das Sombras, Fantasmas de Marte, Aterrorizada) esta pode ser considerada a obra máxima do diretor.

Escrito pelo falecido Bill Lancaster  (que merecia uma carreira muito melhor), a trama nos leva até a gélida Antártida, onde um time de cientistas é atacado por uma criatura extraterrestre que consegue se transformar em qualquer pessoa ou animal ao simples toque. Assim como sua trilha sonora, a trama também é simples, porém, incrivelmente engenhosa.

Não demora muito para que os cientistas descubram a ameaça, dando início às melhores cenas da produção, representadas pela sensação angustiante de paranóia que compartilhamos com os personagens. A câmera de Carpenter, auxiliada pela fotografia de Dean Cundey, nos exibe imagens gráficas tão absurdamente bem feitas que é difícil perceber que o filme foi feito há 30 anos.

Além disso, criatividade é um aspecto em abundância, especialmente quanto ao desenvolvimento da “coisa”. Em princípio a enxergamos como um ser estranho e sangrento, nos fazendo duvidar se aquilo está realmente vivo. Ao passar disso, a uniformidade da criatura ganha contornos sexuais e animalescos que, apenas pela sua concepção, já seria o suficiente para gerar calafrios e embrulhos de estômago do público. Embrulhos estes que jamais poderiam ter sido possíveis sem o auxílio do excelente trabalho de maquiagem (é, sem sombra de dúvidas, um dos filmes mais gore que já assisti).

Com um adversário tão forte e temido, seria necessário criar personagens tão fortes quanto. Sim, sabemos pouco sobre o histórico daqueles homens presos em uma situação tão desesperadora e absurda. Mas é pelas atitudes de cada um que passamos a conhecê-los de fato. Kurt Russell, com um mullet-mor e barba de papai-noel, consegue criar um protagonista vigoroso e torna-se o único ponto confiável da trama, uma vez que qualquer um ali pode não ser quem seu rosto estampa. Outra performance bastante sólida é a de Keith Childs, que consegue criar um homem de fortes convicções.

Além de ter as qualidades já citadas, é fato que O Enigma do Outro Mundo consegue também ter uma das cenas mais antológicas do cinema, no qual o temor e a expectativa se elevam a níveis estratosféricos e fazem qualquer espectador suar na poltrona: quando os sobreviventes decidem se reunir em um ambiente fechado e testar o sangue de cada um presente a fim de descobrir quem é quem naquele jogo de gato-e-rato. Essa cena, inclusive, foi reprisada de outro modo bastante distinto na refilmagem desse clássico, mas perdeu forças por não contar mais com o elemento-surpresa.

Tendo a coragem que poucas produções apresentam, ao incluir uma conclusão em aberto, triste e ambígua, O Enigma de Outro Mundo representa o melhor que o cinema de horror-fantástico pode oferecer.