sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

27/02: Oito e Meio (Federico Fellini, 1963)

Oito e Meio - Federico Fellini (1963)

Sinopse
Prestes a rodar sua próxima obra, o cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) ainda não tem idéia de como será o filme. Mergulhado em uma crise existencial e pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se interna em uma estação de águas e passa a misturar o passado com o presente, ficção com realidade. Duração: 140 minutos

Crítica: 8½ (1963)

Oito e Meio (1963) é um dos marcos diferenciais na carreira do grande cineasta italiano; se em A doce vida (1960) o realizador articulava palavras e símbolos num estilo exasperado mas realista, em Oito e meio tudo é fantástico, imaginoso, desde a forma como se aglomeram as seqüências (um barroco documentário da memória) até o conteúdo interno das imagens, uma intensa mistura de faces curiosas, interessantes, uma fauna que encontraria seu ponto talvez mais desequilibrado no filme seguinte de Fellini, o alucinado Julieta dos espíritos. A doce vida é um arrojo de roteiro e linguagem; Oito e meio é uma ousadia formal, um ponto em que Fellini começou a libertar-se do envolvimento dramático mais tradicional, construindo obras libertinas em sua estrutura até chegar ao vão documental e sóbrio de Amarcord (1973).

Diferentemente de Amarcord, outra escavação da memória do mais autobiográfico diretor de cinema, Oito e meio apela inteiramente para a fantasia, não se preocupando com juntar o real ao mágico sem mutilar o filme (algo que ocorreria em Amarcord). Oito e meio é magia pura, um exercício de arte onde novamente encontramos as obsessões de Federico Fellini e novamente topamos com sua surpreendente capacidade de renovação.

Realização extremamente coletiva, como costumam ser os trabalhos do cineasta a partir dos anos 60, Oito e meio faz desfilar diante das câmaras inquietas de Fellini uma série de personagens estranhas e situações insólitas que acabam por transformar o protagonista Guido Anselmi e seus dilemas pessoais num débil ponto de união entre os fragmentos da história. Assim voltaria a ocorrer em Julieta dos espíritos com a burguesa Julieta, em Amarcord com o moço Titã, em Casanova de Fellini com o amante insuperável; e tal não ocorreria bem assim com o jornalista Marcelo em A doce vida, pois a sociedade aí seria um “anagrama” explicativo dos conflitos psicológicos da personagem.

Basicamente, Federico Fellini conta em Oito e meio a história do cineasta Guido Anselmi, inquieto diante da perspectiva dum novo filme sem assunto e atravessando uma profunda crise de saúde que o leva a um sanatório onde o realizador investiga longamente com os recursos de sua poesia cinematográfica a fauna humana que o diverte e intriga. Segundo o romancista brasileiro Ignácio de Loyola Brandão, Oito e meio é seu filme, aquele universo cinematográfico em que ele gostaria de ter nascido, crescido, vivido, dali nunca ter saído. A obra-prima de Fellini merece tais alturas, pois trata-se de um dos mais inovadores filmes da história do cinema.

Biografia: Marcello Mastroianni

Marcello Mastroianni dispensa apresentações. Considerado o maior da Itália e um dos maiores atores de todos os tempos Mastroianni conquistou o mundo com suas belíssimas interpretações em filmes que marcaram época e se tornaram clássicos imortais do cinema mundial. Ao longo de sua carreira cinematográfica, ganhou muitos prêmios, incluindo duas láureas de melhor ator no Festival de Cannes. Mastroianni ainda concorreu três vezes ao Oscar de melhor ator, mas nunca foi premiado. Nascido em 1924 em Fontana Liri, onde passa a infância, mudando-se posteriormente com a família para Turim e Roma. Durante a Segunda Guerra, chega a ser detido pelos alemães mas consegue se refugiar em Veneza. Inicia aulas de teatro em 1945, começando a trabalhar como figurante em alguns filmes nesse mesmo ano. Nesta época, inicia um breve romance com uma jovem, até então totalmente desconhecida. Essa jovem era Silvana Mangano, que se tornaria, nos anos 50 e 60, uma das maiores divas do cinema italiano.

Sua estréia no cinema aconteceu em 1948 com o filme de Riccardo Freda, I miserabili, adaptação cinematográfica do livro homônimo Os miseráveis do escritor francês Victor Hugo. Ao mesmo tempo, participava de um grande número de peças de teatro em companhias amadores, até ser notado por Luchino Visconti (que depois se tornaria um dos maiores diretores de cinema italianos) que lhe oferece seu primeiro personagem como ator profissional em As you like it de William Shakespeare (1948) e depois em Um Bonde Chamado Desejo de Tennesse Williams (1949) onde conhece Flora Carabella, sua futura esposa. Casam-se em 1950 e tem uma filha juntos.

Depois da participação em diversas comédias neorealistas sob a direção de Luciano Emmer, como Parigi è sempre Parigi (1951) Mastroianni começa a fazer seus primeiros papéis dramáticos no cinema, com Febre de vivere (Claudio Gora, 1953) e As noites brancas (Luchino Visconti, 1957). Começa a ganhar grande destaque com I soliti ignoti (Mario Monicelli, 1958). Em 1961 é indicado ao Oscar de Melhor Ator por sua participação em Divórcio à Italiana (Pietro Germi, 1961), mas sua consagração definitiva vem com a participação nas duas obras-primas do diretor italiano Federico Fellini: A Doce Vida (1960) e (1963) que lhe proporcionam grande sucesso internacional.

Na década de 60, Mastroianni trabalha sob a direção do diretor italiano Vittorio De Sica, onde Sophia Loren também atuava como protagonista feminina. Era o início de uma das parcerias artísticas mais bem sucedidas da história do cinema italiano e mundial, resultando em filmes memoráveis para a carreira de ambos: Ontem, Hoje e Amanhã (1963), Matrimônio à Italiana (1964), Os Girassóis da Rússia (1969). Em 1970 vence o prêmio de melhor ator do Festival de Cannes pela primeira vez por sua atuação em Dramma della gelosia: tutti i particolari in cronaca (Ettore Scola, 1970). Nos anos 70 continua a participar de filmes que se tornariam posteriormente clássicos imortais do cinema: A Comilança (Marco Ferreri, 1973); Um dia muito especial (Ettore Scola, 1977). Em 1971, trabalhando com o diretor Marco Ferreri no filme Liza, conhece a atriz francesa Catherine Deneuve, com a qual terá um longo relacionamento, do qual nascerá Chiara.

Nos anos 80, dando continuidade à grande parceria com o diretor italiano Ettore Scola, filma o clássico Casanova e a Revolução (1982) e, posteriormente Splendor (1988) e Che ora è? (1989). Nessa mesma época, volta a trabalhar com Federico Fellini, que dezoito anos depois de , tem Mastroianni novamente como protagonista em Cidade das Mulheres (1980). Trabalham juntos novamente em Ginger e Fred (1985) e em Intervista (1987). A partir da segunda metade da década de 80 e ao longo da década de 90, Mastroianni participa com grande êxito de diversos filmes de diretores internacionais: O Apicultor (The Angelopoulos, 1986), Olhos Negros (Nikita Mikhalkov, 1987), Pret-à-Porter (Robert Altman, 1994) e Três Vidas e uma só morte (Raoul Ruiz, 1996). Em 1987 vence pela segunda vez o prêmio de melhor ator do Festival de Cannes por sua atuação em Olhos Negros, clássico absoluto do diretor russo Nikita Mikhalkov. Chega a participar inclusive de Gabriela, baseado no livro de Jorge Amado, Gabriela Cravo e Canela, sob a direção do diretor brasileiro Bruno Barreto em 1983.

Descobre um câncer no pâncreas em 1996, mas isso não o impede de filmar de último filme Viagem ao príncipio do mundo (Manoel de Oliveira, 1996) ao mesmo tempo em que grava uma longa conversa sobre sua vida, Mi ricordo, si... mi ricordo, dirigido por Annamaria Tatò, sua última companheira. Marcello Mastroianni vêm a falecer em seu apartamento de Paris em 19 de dezembro de 1996, sendo enterrado no cemitério Verano em Roma.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Programação Março 2010: Marcello Mastroianni

Ganhador de dois prêmios de melhor ator no Festival de Cannes (1961 e 1987) , Marcello Mastroianni dispensa apresentações. Considerado o maior da Itália e um dos maiores atores de todos os tempos Mastroianni conquistou o mundo com suas belíssimas interpretações em filmes que marcaram época e se tornaram clássicos imortais do cinema mundial.

O Cine Clube Ybitu Katu exibe:

27/02: Oito e Meio (Federico Fellini, 1963)
Prestes a rodar sua próxima obra, o cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) ainda não tem idéia de como será o filme. Mergulhado em uma crise existencial e pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se interna em uma estação de águas e passa a misturar o passado com o presente, ficção com realidade. Duração: 140 minutos.

06/03: O Apicultor (Theo Angelopoulos, 1986)
Spyros é um professor que abandona a profissão e a esposa para seguir a rota do pólen com suas colméias. Junta-se a ele na viagem uma adolescente viajante. Um road movie do premiadíssimo diretor grego Theo Angelopoulos. Duração: 117 minutos.

13/03: Os Companheiros (Mario Monicelli, 1963)
Na Itália, no século 19, um empobrecido professor aristocrata (Mastroianni) lidera grupo de funcionários de uma empresa têxtil na luta por melhores condições de trabalho. Duração: 125 minutos.

20/03: Quê? (Roman Polanski, 1972)
Uma jovem poetisa americana viajando através da Itália, após tentativa de estupro, encontra um solar onde conhece um estranho Mediterrâneo. Sua inocência latente e jeitinho angelical vai despertar a líbido em qualquer espécie masculina. Ela conhece o absurdo, a decadência humana e entra em uma jornada mais parecida com uma "Alice no País das Maravilhas" sexual. Seria ela um anjo? Duração: 109 minutos.

27/03: A noite (Michelangelo Antonioni, 1961)
Depois de visitar um amigo que está morrendo no hospital, um escritor vai com sua esposa para uma grande festa numa mansão milanesa. Eles estão casados há 10 anos e constatam a falência do casamento. Todo o filme se passa numa tarde de sábado até a madrugada de domingo. Duração: 122 minutos

Cartaz Programação Março 2010

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

06/02: Sessão Dupla 19:30: HAIR (Milos Forman, 1979); 23:00: SUSPIRIA (Dario Argento, 1977)

Janeiro 2010 - Sábados às 19:30 - Musicais
Hair
- Milos Forman (1979)
Sinopse
Claude, um jovem do Oklahoma que foi recrutado para a guerra do Vietnã, é "adotado" em Nova York por um grupo de hippies comandados por Berger, que como seus amigos tem conceitos nada convencionais sobre o comportamento social e tenta convencê-lo dos absurdos da atual sociedade. Lá Claude também se apaixona por Sheila (Beverly D'Angelo), uma jovem proveniente de uma rica família. Duração: 120 minutos


Janeiro 2010 - Sábados às 23:00 - Clássicos do Terror
Suspiria
- Dario Argento (1977)
Sinopse
Uma novata em uma elegante academia de balé percebe, aos poucos, que a escola é na verdade uma fachada para um mundo sinistro e bizarro, cujo objetivo é promover caos e destruição. Duração: 98 minutos