domingo, 27 de setembro de 2009

03/10 - O Pagador de Promessas

O Pagador de Promessas - Anselmo Duarte (1962)

Sinopse
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 1962, este é um dos grades clássicos do cinema brasileiro. Zé é um cidadão simples que vê seu burro - bicho de grande estima para ele - ficar muito doente. Sendo assim, ele faz uma promessa: se ele ficar curado, ele carregará uma cruz até a cidade como sacrifício pelo "milagre". O burro então fica bom e Zé tenta cumprir sua promessa... até a chegada na igreja, quando o padre recusa-se a deixá-lo entrar ao saber o motivo do sacrifício.

NÃO PERCAM!!
ANTES DA SESSÃO HAVERÁ UMA PEQUENA PALESTRA ENTITULADA
"PEQUENA INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO CINEMA NACIONAL" MINISTRADA POR DANIEL MORAES.
E APÓS A SESSÃO, DISCUSSÃO SOBRE O FILME TAMBÉM MEDIADA POR DANIEL MORAES.

Crítica - O Pagador de Promessas (Anselmo Duarte, 1962)

por Helena Novais
Extraído de http://www.cineplayers.com/critica.php?id=1356

Um dos filmes mais premiados da história do cinema brasileiro é, de fato, uma obra-prima.

Qualquer forma de manifestação artística fica atrelada às condições técnicas e ao contexto histórico de sua época de produção. Por maior que seja a obra-prima cinematográfica, ela sempre enfrenta o desafio dos dias que passam, que transformam a cultura, as formas de viver, de sentir, de interpretar. O que em sua época de lançamento é aclamado como demonstração de genialidade, após algumas décadas pode parecer chato, arrastado, datado.

Algumas obras, porém, continuam despertando interesse por força do que conseguem manter de universal, frente aos dramas humanos. O Pagador de Promessas consegue ainda mais: mantém a atualidade da força simbólica de suas cenas e é um retrato da riqueza cultural brasileira que, quando mostrada em toda sua plenitude, surpreende o mundo e não encontra dificuldades para conquistar seu lugar entre os clássicos de todos os tempos.

Embora escrita há três décadas, a história que Dias Gomes escreveu para o teatro e que serviu de base ao roteiro desenvolvido por Anselmo Duarte, fala de uma dinâmica social complexa que, muitas vezes, castiga o inocente até os limites da desesperança. Para isso, concorrem instituições diversas, que deveriam servir ao bem-estar dos homens, e mesmo seus semelhantes, que convivem em permanente conflito de interesses como em uma tragédia eterna. Tudo muito atual, embora as imagens em preto e branco e a linguagem fora de moda dificultem um pouco a percepção da profunda harmonia.

O “inocente”, no caso, é o protagonista Zé do Burro (Leonardo Villar), um pequeno proprietário rural que sai do campo carregando uma pesada cruz sobre os ombros, rumo à cidade de Salvador. Diante do sofrimento de seu querido burro Nicolau, que fora atingido por um raio, Zé tenta de tudo para recuperar a saúde do amigo. Vendo que nada adianta, decide-se por recorrer a Iansã e promete a ela, em um terreiro de candomblé, doar parte de seu sítio e levar uma cruz até a Igreja de Santa Bárbara. Tudo pelo restabelecimento de Nicolau.

Iansã do candomblé ou Santa Bárbara da Igreja Católica, para Zé, o nome tanto faz. O que importa é que Nicolau se recupera e a promessa precisa ser cumprida. Porém, percorrer sete léguas, enfrentando chuva e sol, e ter a pele esfolada pela grande cruz se mostra o menor dos problemas do protagonista. Ao chegar em Salvador, acompanhado pela esposa Rosa (Glória Menezes, quase irreconhecível), se depara com a resistência do Padre Olavo (Dionízio Azevedo). O sacerdote não aceita que aquela promessa, feita a uma santa do candomblé, seja cumprida na sua igreja. Zé se instala diante da “casa de Deus” e dalí teima em não sair até fazer o que se propôs, ou seja, levar a cruz até o interior da igreja. É então que o contexto da realidade se impõe à vontade do homem simples.

Na atual fase de valorização mundial do cinema latino, em meio ao sucesso de Alice Braga e Rodrigo Santoro, nunca é demais lembrar que há no Brasil uma história cinematográfica pouco conhecida a ser resgatada, uma identidade cultural a ser cultivada e uma linguagem nacional que não precisa seguir o atual padrão hollywoodiano para ter o seu valor (e nem é isso o que a indústria cultural espera, uma vez que está a correr atrás de diferenciais). Lançado em 1962, O Pagador de Promessas é uma das maiores provas disso. Trata-se de um marco do cinema nacional e um testemunho de competência.

O filme ganhou a Palma de Ouro em Cannes como Melhor Longa-Metragem, foi indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, além de ter conquistado outras premiações (tanto nacionais quanto internacionais) e projetado a carreira de Othon Bastos, Norma Benguell, Antonio Pitanga, Glória Menezes e Leonardo Villar, hoje ícones da televisão. Em O Pagador de Promessas está implícita a história do povo nordestino, fustigado pelo sertão, pelo coronelismo, pelas crenças religiosas ingênuas, pela crise rural e urbanização, pela imprensa manipuladora que em nada ficava a dever à imprensa marrom da atualidade. Povo este que encontrou na combinação das influências culturais indígenas, africanas e européias sua identidade e sua alegria de viver. Estão ali o acarajé, o candomblé, a capoeira, assim como questões caras a qualquer ser humano como o amor, a cobiça, a lealdade, as paixões, a honra, a malícia, entre tantas outras.

A cena inicial lembra muito Cidade de Deus quanto à evocação ao modo de vida local. Já as últimas cenas, por si só, já valem o filme, tanto pela disposição estética da fotografia, quanto pela evocação simbólica muito bem construída. O mundo fabrica seus mártires e eles abrem as portas para as multidões, fortalecessem as esperanças dos enfraquecidos. Cada final e cada recomeço trás em si um mar de novas possibilidades, mas o tempo passa e algumas coisas nunca mudam. Por isso mesmo é indispensável investigar o passado, reaprender a interpretar, a sentir, a viver e a construir um futuro diferente.

Programação Outubro : Cinema Nacional - Os anos 60

PROGRAMAÇÃO CINE CLUBE YBITU KATU
OUTUBRO 2009
CINEMA NACIONAL – OS ANOS 60

Em comemoração de um ano do cine clube, reservamos esse belíssimo tema para a divulgação e estudo do cinema nacional. Algumas sessões serão acompanhadas de palestras e debates sobre a história e os movimentos cinematográficos do nosso cinema.

03/10: O Pagador de Promessas (Anselmo Duarte, 1962)******
Zé do Burro e sua mulher Rosa vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador. Um dia, o burro de estimação de Zé é atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar o animal. Com o restabelecimento do bicho, Zé põe-se a cumprir a promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão Bonitão e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé haver feito sua promessa em um terreiro de macumba. Duração: 95 minutos.

10/10: Assalto ao Trem Pagador (Roberto Farias, 1962)
Baseado em fatos reais. No interior do Estado do Rio de Janeiro, um grupo de seis homens assalta o trem pagador da estrada de ferro Central do Brasil. Eles decidem só gastar no máximo dez por cento do produto roubado, para não despertar suspeitas da polícia. Grilo Peru é morto por Tião Medonho, o líder da quadrilha, quando se entrega ao luxo da zona sul. Ao mesmo tempo, a polícia fecha o cerco sobre os outros assaltantes, quase todos favelados, até chegar em Tião Medonho. Duração: 102 minutos

17/10: Terra em Transe (Glauber Rocha, 1967)*******
Num país fictício chamado Eldorado, o jornalista e poeta Paulo oscila entre diversas forças políticas em luta pelo poder. Porfírio Diaz (Paulo Autran) é um líder de direita, político paternalista da capital litorânea de Eldorado. Dom Felipe Vieira é um político populista e Julio Fuentes, o dono de um império de comunicação. Em uma conversa com a militante Sara, Paulo conclui que o povo de Eldorado precisa de um líder e que Vieira tem os pré-requisitos para a missão. Grande clássico do Cinema Novo. Duração: 106 minutos

24/10: O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla, 1968)*******
Um assaltante misterioso usa técnicas extravagantes para roubar casas luxuosas de São Paulo. Apelidado pela imprensa de "O Bandido da Luz Vermelha", traz sempre uma lanterna vermelha e conversa longamente com suas vítimas. Debochado e cínico, este filme se transformou num dos marcos do cinema marginal. Duração: 93 minutos.

31/10: Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos, 1963)
Família de retirantes, Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia, que, pressionados pela seca, atravessam o sertão em busca de meios de sobrevivência. Baseado no romance de Graciliano Ramos. Duração: 103 minutos

*****Nestas sessões haverá uma palestra (veja os temas abaixo) antes dasessão e um debate após a sessão.
03/10: Pequena Introdução à História do Cinema Nacional - por Daniel Moraes.
17/10: O Cinema Novo - por Beatriz Rodrigues Troncone.
24/10: O Cinema Marginal - por Carlos Alexandre Fernandes.

Cartaz - Programação Outubro 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

19/09 - O Fim e o Príncipio (2005)

O Fim e o Príncipio - Eduardo Coutinho (2005)

Sinopse
Um filme nascido do zero. Sem pesquisa prévia, sem personagens, locações nem temas definidos, uma equipe de cinema chega ao sertão da Paraíba em busca de pessoas que tenham histórias pra contar. No município de São João do Rio do Peixe, o filme descobre o Sítio Araçás, uma comunidade rural onde vivem 86 famílias, a maioria ligada por laços de parentesco. Graças à mediação de uma jovem de Araçás, os moradeores - na maioria idosos - contam sua vida, marcada pelo catolicismo popular, pela hierarquia, pelo senso de família e de honra - um mundo em vias de desaparecimento. Duração: 101 minutos

Crítica - O fim e o príncipio (2005)

por Willians Fausto Silva
Extraído de http://www.cranik.com/ofimeoprincipio.html

A zona rural e o cinema brasileiro.
O homem rural foi um dos temas recorrentes do cinema brasileiro na década de 50 e 60. Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha construíram boa parte do que conhecemos como Cinema Novo voltando suas câmeras para o Brasil rural, país que tentava se industrializar a todo custo, importando o modelo em que desenvolvimento e urbanização eram sinônimos.
Na contracorrente dos cinemanovistas, Mazaroppi emplacou o filme que estigmatizaria a imagem do homem do campo brasileiro. O Jeca, personagem de Monteiro Lobato, foi um grande sucesso do cinema paulista e ajudou a fixar a imagem que associa o atraso, a ingenuidade e a pobreza ao homem que opta pela vida no campo.

Desde então a mídia, e particularmente a industria cinematográfica, elegeram o espaço urbano das grandes cidades como local privilegiado da vida moderna. Os poucos filmes que se arriscam a falar do homem do campo ainda hoje o associam ao Jeca de Lobato e Mazaroppi.
Eduardo Coutinho é o diretor brasileiro que foge desta perspectiva na hora de filmar a zona rural brasileira. Em 1984, com o lançamento de Cabra marcado para Morrer, ele já indicava a opção por mostrar o homem do campo e a questão agrária brasileira a partir da voz e do olhar do camponês. Com O fim e o princípio o diretor volta a dialogar com uma comunidade rural.
O documentário expõe histórias de camponeses que vivem num sítio no interior da Paraíba. Coutinho conta com Rosa, moradora da comunidade, que aleatoriamente o leva as pequenas propriedades do sítio Araçás para que possa conversar com as famílias. Durante todas as entrevistas o diretor ouve histórias do cotidiano e procura compreender como os trabalhadores rurais encaram a morte e a velhice, temas que o ajudarão a amarrar a edição do filme.

O que continua impressionando no trabalho de Eduardo Coutinho é a capacidade que tem de situar o espectador sem ter que recorrer a dados e estatísticas para nos dizer como vive aquela comunidade. Ele consegue, como nenhum outro documentarista, ouvir e dialogar com o camponês, desconhecido para ele e para a platéia dos espaços urbanos. Através destas conversas, preocupadas em escutar histórias da vida de gente comum à geografia rural do Brasil, o diretor demarca o amplo contexto que compõe cultura do homem campo. Consegue superar os estereótipos, para mostrar a zona rural a partir de uma perspectiva densa, distante das superficialidades do Jeca.

Biografia - Eduardo Coutinho


Eduardo de Oliveira Coutinho (São Paulo, 11 de maio de 1933) é um cineasta brasileiro, considerado um dos mais importantes documentaristas da atualidade. Seu trabalho caracteriza-se pela sensibilidade e pela capacidade de ouvir o outro, registrando sem sentimentalismos as emoções e aspirações das pessoas comuns, sejam camponeses diante de processos históricos (Cabra Marcado para Morrer), moradores de um enorme condomínio de baixa classe média no Rio de Janeiro (Edifício Master), metalúrgicos que conviveram com o então sindicalista Luis Inácio Lula da Silva (Peões), entre outros.

Eduardo Coutinho cursou Direito em São Paulo, mas não concluiu. Em 1954, aos 21 anos, teve seu primeiro contato com cinema no Seminário promovido pelo MASP e dirigido por Marcos Marguliès. Trabalhou como revisor na revista Visão (1954-57) e dirigiu, no teatro, uma montagem da peça infantil Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado. Ganhou um concurso de televisão respondendo perguntas sobre Charles Chaplin. Com o dinheiro do prêmio, foi para a França estudar direção e montagem no IDHEC, onde realizou seus primeiros documentários.

De volta ao Brasil em 1960, teve contato com o grupo do Cinema novo e integrou-se ao Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE). No núcleo dirigido por Chico de Assis, trabalhou na montagem da peça Mutirão em Nosso Sol, apresentada no I Congresso dos Trabalhadores Agrícolas que aconteceu em Belo Horizonte em 1962. Foi gerente de produção do primeiro filme produzido pelo CPC, o longa-metragem de episódios Cinco Vezes Favela.

Escolhido para dirigir a segunda produção do CPC, Coutinho começou a trabalhar num projeto de ficção baseado em fatos reais, reconstituindo o assassinato do líder das Ligas Camponesas João Pedro Teixeira, a ser interpretado pelos próprios camponeses do Engenho Cananéia, no interior de Pernambuco, inclusive a viúva de João Pedro, Elizabeth Teixeira, que faria o seu próprio papel. O filme se chamaria Cabra Marcado para Morrer, e chegou a ter duas semanas de filmagens, até o Golpe Militar de 1964. Parte da equipe foi presa sob a alegação de comunismo e o restante se dispersou, interrompendo a realização do filme por quase 20 anos.

Em 1966, Coutinho constituiu, com Leon Hirszman e Marcos Faria, a produtora Saga Filmes. Dirigiu um episódio do longa ABC do Amor, foi diretor substituto em O Homem que Comprou o Mundo (1968) e realizou uma adaptação de Shakespeare para o cangaço brasileiro, em que o personagem Falstaff tornou-se "Faustão" (1970).

Especializando-se em roteiro, foi co-roteirista de vários títulos importantes do cinema brasileiro, como A Falecida (1965) e Garota de Ipanema (1967) de Leon Hirszman, Os Condenados de Zelito Viana (1973), Lição de Amor de Eduardo Escorel (1975) e Dona Flor e Seus Dois Maridos de Bruno Barreto (1976).

Em 1975, passou a integrar a equipe do programa Globo Repórter, da TV Globo, juntamente com Paulo Gil Soares, João Batista de Andrade e outros. Permaneceu no programa até 1984, sempre rodando em 16 mm, com uma liberdade editorial surpreendente para a época, e acabou descobrindo sua vocação de documentarista em trabalhos inovadores como Teodorico, o Imperador do Sertão, sobre o líder político nordestino Theodorico Bezerra.

Em 1981, Coutinho reencontrou os negativos de Cabra Marcado para Morrer, que haviam sido escondidos da polícia por um membro da equipe, e resolveu retomar o projeto. Conseguiu localizar Elizabeth Teixeira em São Rafael, no interior do Rio Grande do Norte, mostrou-lhe o que havia sido filmado em 1964 e filmou o depoimento dela sobre a dispersão de sua família após a interrupção do filme. A partir daí, a "ficção baseada em fatos reais" transforma-se num dos mais extraordinários documentários jamais filmados, retratando e acompanhando as tentativas de Elizabeth por reencontrar seus filhos, em diferentes pontos do país, e refletindo sobre o que aconteceu com a sociedade brasileira no longo período da ditadura militar. O filme ficou pronto em 1984 e ganhou 12 prêmios em festivais internacionais, no Rio de Janeiro, Havana, Paris, Berlim, Setúbal, entre outros.

Após o sucesso de Cabra marcado para morrer, Coutinho afastou-se do Globo Repórter e passou alguns anos trabalhando com documentários em vídeo para o CECIP (Centro de Criação da Imagem Popular), com temas ligados a cidadania e educação. São dessa época projetos como Santa Marta e Boca de lixo, visões humanistas e pessoais sobre indivíduos e populações marginalizadas. Também escreveu roteiros para séries documentais da TV Manchete, como "90 Anos de Cinema Brasileiro" e "Caminhos da Sobrevivência" (sobre a poluição em São Paulo).

Em 1988, com o centenário da Abolição da Escravatura, foi estimulado pela então Secretária de Cultura do Rio de Janeiro, Aspásia Camargo, a realizar um documentário sobre a população negra na História do Brasil. O Fio da Memória, centrado na figura do artista popular Gabriel Joaquim dos Santos, só viria a ser concluído três anos mais tarde, com o apoio das emissoras de televisão La Sept (França) e Channel Four (Inglaterra). Em 2004, a pesquisadora Consuelo Lins publicou, pela editora Zahar,o livro O Documentário de Eduardo Coutinho.

Filmografia
1966: O Pacto (episódio do longa ABC do Amor)
1968: O Homem que Comprou o Mundo
1970: Faustão
1976: O Pistoleiro de Serra Talhada (média-metragem)
1976: Seis Dias em Ouricuri (média-metragem)
1978: Teodorico, o Imperador do Sertão (média-metragem)
1979: Exu, uma Tragédia Sangrenta (curta-metragem)
1980: Portinari, o Menino de Brodósqui (média-metragem)
1984: Cabra Marcado para Morrer
1987: Santa Marta - Duas semanas no morro (média-metragem)
989: Volta Redonda, o Memorial da Greve (média-metragem)
1989: O Jogo da Dívida (média-metragem)
1991: O Fio da Memória
1992: A Lei e a Vida (média-metragem)
1993: Boca de Lixo (média-metragem)
1994: Os Romeiros de Padre Cícero (média-metragem)
1999: Santo Forte
2000: Babilônia
2002: Edifício Master
2004: Peões
2005: O Fim e o Princípio
2007: Jogo de Cena.
2008: Moscou

Premiações
Melhor filme de 2007 segundo a APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte).
Kikito de Cristal, no Festival de Gramado pelo conjunto da obra (2007).
Prêmio Multicultural Estadão 2003, ganhador na categoria criadores.
Kikito de Ouro de Melhor Documentário, no Festival de Gramado, por Edifício Master (2002).
Prêmio de Melhor Documentário, no Grande Prêmio BR de Cinema, por Babilônia 2000 (2000).
Prêmio de Melhor Documentário - Crítica, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, por "Edifício Master" (2002).
Troféu Passista de Melhor Fotografia, no Festival de Recife, por Babilônia 2000 (2000).
Prêmio Especial do Júri, no Festival de Gramado, por Santo forte (1999).
Prêmio de Melhor Filme, no Festival de Brasília, por Santo forte (1999).
Prêmio de Melhor Roteiro, no Festival de Brasília, por Santo forte (1999).
Prêmio FIPRESCI, no Festival de Berlim, por Cabra marcado para morrer (1984).






quinta-feira, 10 de setembro de 2009

12/09 - Sonho Tcheco

Sonho Tcheco - Vít Klusák e Filip Remunda (2004)

Sinopse
Até meados de 89 os tchecos viviam sobre o socialismo, em que tinham que durmir em filas para conseguir produtos como comida e de higiene pessoal fornecidos pelo governo. Jamais poderam escolher o que queriam comprar. Com a abertura comercial, muitos supermercados invadiram o país, e as familias, fazem programas como passar o domingo todo em supermercados.
O filme é um documentário produzido por dois estudantes da escola de cinema de Praga, para seu TCC(trabalho de conclusão de curso).
Eles contratam uma das maiores agências de publicidade do mundo, e utilizam de toda tecnologia mais avançada para fazer pesquisas, testes e estudos sobre como persuadir ainda mais as pessoas através da publicidade.
No filme, você acompanha toda a criação do logo, jingle, comerciais de tv, banners, estratégia de marketing, teste e pesquisas(muito bons), chamadas de rádio e todo veículo de comunicação possível.
Eles LOTAM a cidade de anúncios, nos metrôs, nos ônibus, nas paradas de ambos, em shoppings, em folhetos, em propagandas de TV e Radio.
E tudo isso para divulgar o Sonho Tcheco, um supermercado que é o sonho para todo cidadão tcheco, tudo seria perfeito se não fosse o fato de o hipermercado não existir!Imaginem a reação das pessoas!

O consumismo alienado e poder de manipulação da mídia são os temas centrais deste documentário manipulador. Em cinco anos, 125 hipermercados foram construídos na República Tcheca e a população do antigo país socialista apaixonou-se pelo consumo. Uma mudança drástica para um povo que há poucos anos dormia em filas para comprar produtos de primeira necessidade. Em tom crítico, o filme lança a campanha de um novo e enorme supermercado fictício que promete os melhores produtos e preços para uma vida melhor. Duração: 90 minutos

terça-feira, 1 de setembro de 2009

05/09 - Ônibus 174 (José Padilha, 2002)

Ônibus 174 - José Padilha (2002)

Sinopse
Documentário sobre o jovem rapaz que seqüestrou um ônibus no Centro do Rio de Janeiro e transformou a vida de todos os passageiros em um verdadeiro inferno. O caso serve como reflexão para o filme, que vê todos os lados da história, construindo um triste reflexo da realidade da nossa sociedade em geral. Vencedor do Prêmio de Melhor Documentário nos Festivais de Havana, São Paulo, Munique, Roterda, entre outro. Duração: 120 minutos.

Crítica - Ônibus 174 (José Padilha, 2002)


por Alexandre Koball
Extraído de http://www.cineplayers.com/critica.php?id=542

A realidade brasileira rende possibilidades muito extensas para se fazer cinema. Ainda assim, muitos diretores da atualidade parecem atraídos como um imã para o tema da pobreza, principalmente no Rio de Janeiro, cidade de contrastes desumanos entre os ricos e os pobres. Ônibus 174 proporciona, após o lançamento da obra-prima hoje reconhecida mundialmente por City of God, o melhor momento cinematográfico de nosso país explorando esse tema. Os dois filmes complementam-se perfeitamente: um é a dramatização da realidade; o outro é a realidade. São dois trabalhos que fazem com que assistir a qualquer outro filme com o tema torne-se irrelevante, pois eles dizem tudo o que há para dizer.

A cena inicial é maravilhosa: dotada de uma linda - ou melhor, deslumbrante - seqüência aérea da cidade fluminense, ela resume o drama brasileiro da desigualdade social sem precisar de palavras - embora vários depoimentos paralelos às imagens aconteçam. É muito provavelmente o melhor toque de direção de José Padilha em todo o longa. O que vem daí para a frente é óbvio e previsível: polícia despreparada, cidadãos marginalizados pela sociedade e por eles mesmos através das drogas, irresponsabilidade pública e privada. É o Jornal Nacional levado às telas do cinema quase que literalmente.

Sandro do Nascimento assaltou um ônibus e fez vários reféns. Algo que não terminou bem no final do dia. E então? A quem culpar? A incompetente administração pública? A ele mesmo, drogado e ignorante? Ao Estado, que deixou-lhe ser ignorante? A mim, que pouco me importo com a sua situação? José Padilha joga para todos os lados. Atitude sem perspectiva essa! Não há uma resposta, quanto mais uma resposta fácil, que possa ser conseguida em um documentário, por melhor que este seja.

Ficar em cima do muro não significa ser covarde, e sim tentar não ser injusto. Se não há uma resposta para um problema, não há porque culpar alguém. O filme mostra depoimentos de todos os lados - dos guris de rua, dos policiais, de bandidos assumidos, de pseudo-intelectuais, embora tenda pelo menos um pouco mais para o lado dos pobres, o que pode tornar-se irritante para alguns espectadores, dependendo de suas crenças políticas e sociais.

Como cinema, Ônibus 174 consegue ser um trabalho bem regular, embora tenha uma duração um pouco além do que o realmente necessário. O excesso de entrevistas de conteúdo redundante acaba prejudicando o ritmo do filme em muitos momentos e, para o espectador brasileiro que já conhece os acontecimentos, creio que seja difícil chocar alguém. Pelo menos para quem vive na realidade e a conhece como um cidadão normal. Para o público internacional - o filme foi incrivelmente bem aceito na crítica fora do Brasil - este deve ser um filme muito superior pelo elemento da surpresa: como acabará o sequestro no ônibus 174?

Este é um dos grandes documentários dos últimos anos. Importantíssimo em conteúdo, mesmo que não vá mudar a realidade e bom como cinema. Um trabalho que deve ser conferido e analisado corretamente para o entendimento um pouco mais aprofundado de nossa realidade, pelo menos a realidade das grandes cidades, onde a violência impera e o mundo está virando uma anarquia cada vez maior.

Programação Setembro - 2009: Documentários

O documentário já deixou de ser conhecido como o gênero "chato" de cinema e vive, hoje, uma verdadeira efervescência tanto na produção como na pesquisa. O documentário é um gênero cinematográfico que se caracteriza pelo compromisso com a exploração da realidade. Mas dessa afirmação não se deve deduzir que ele represente a realidade tal como ela é. Como disse Eduardo Coutinho, o maior documentarista brasileiro: "O documentário não tem que informar, educar, não é jornalismo; ele mostra maneiras de se ver o mundo".
O Cine Clube Ybitu Katu exibe:

05/09: ÔNIBUS 174 (José Padilha, 2002)
Documentário sobre o jovem rapaz que seqüestrou um ônibus no Centro do Rio de Janeiro e transformou a vida de todos os passageiros em um verdadeiro inferno. O caso serve como reflexão para o filme, que vê todos os lados da história, construindo um triste reflexo da realidade da nossa sociedade em geral. Duração: 130 minutos.

12/09: SONHO TCHECO (Vít Klusák e Filip Remunda, 2004)
O consumismo alienado e poder de manipulação da mídia são os temas centrais deste documentário manipulador. Em cinco anos, 125 hipermercados foram construídos na República Tcheca e a população do antigo país socialista apaixonou-se pelo consumo. Uma mudança drástica para um povo que há poucos anos dormia em filas para comprar produtos de primeira necessidade. Em tom crítico, o filme lança a campanha de um novo e enorme supermercado fictício que promete os melhores produtos e preços para uma vida melhor. Duração: 90 minutos

19/09: O FIM E O PRÍNCIPIO (Eduardo Coutinho, 2005)
Sem pesquisa prévia, sem personagens, locações nem temas definidos, uma equipe de cinema chega ao sertão da Paraíba em busca de pessoas que tenham histórias para contar. No município de São João do Rio do Peixe a equipe descobre o Sítio Araçás, uma comunidade rural onde vivem 86 famílias, a maioria ligada por laços de parentesco. Graças à mediação de uma jovem de Araçás, os moradores - na maioria idosos - contam sua vida, marcada pelo catolicismo popular, pela hierarquia, pelo senso de família e de honra. Duração: 110 minutos

26/09: HOMEM EQUILIBRISTA (James March, 2008)
Em 1974, quando as Torres Gêmeas em Nova York haviam sido recém-inauguradas, um homem cometeu ali um crime. Para muitos, "o maior crime artístico do século". O nome do criminoso era Philippe Petit, que de forma ousada, arriscada e perigosa subiu ao topo de um dos edifícios mais altos de Manhattan para atravessar de um prédio ao outro se equilibrando num cabo de aço. Este documentário mostra cenas reais da época, misturando atores reencenando todo o plano arquitetado por Philippe Petit. Vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2009. Duração: 94 minutos.

Cartaz - Programação Setembro 2009

Programação Cine Clube Ybitu Katu Novembro - Quem escolhe é você!!

Sim, isso mesmo. Nós do Cine Clube estamos iniciando uma votação com o público para elegermos quatro filmes para serem exibidos na temática de novembro "Grandes Clássicos do Cinema". Abaixo há uma lista de vinte filmes considerados clássicos da sétima arte e para votar, basta clicar em postar um comentário (logo abaixo) e escrever o nome de quatro filmes à sua escolha. Importante: votos com mais ou menos de quatro filmes serão descartados. Aqui no blog, cada pessoa poderá votar apenas uma vez. Nas sessões do cine clube as pessoas terão direito a um voto por sábado.
A votação se inicia hoje, 01 de setembro e vai até dia 30 de outubro. No dia 31 de outubro, sábado, serão anunciados os filmes vencedores. Boa votação!
Os vinte filmes são:

- O Gabinete do Dr. Caligari (Robert Wiene, 1920)
- O Encouraçado Potemkim (Sergei Eisenstein, 1925)
- Metropolis (Fritz Lang, 1927)
- Cidadão Kane (Orson Welles, 1941)
- O Falcão Maltês (A Relíquia Macabra) (John Houston, 1941)
- O Crepúsculo dos Deuses (Billy Wider, 1950)
- O Sétimo Selo (Ingmar Bergman, 1956)
- Doze Homens e Uma Sentença (Sidney Lumet, 1957)
- Um corpo que cai (Alfred Hitchcock, 1958)
- Acossado (Jean-Luc Godard, 1959)
- A Doce Vida (Federico Fellini, 1960)
- Yojimbo - O Guarda Costas (Akira Kurosawa, 1961)
- São Paulo Sociedade Anônima (Luís Sérgio Person, 1965)
- Blow up - Depois Daquele Beijo (Michelangelo Antonioni, 1966)
- Três homens em conflito (Sergio Leone, 1966)
- 2001 - Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick, 1968)
- O Discreto Charme da Burguesia (Luis Buñuel, 1972)
- Chinatown (Roman Polanski, 1974)
- Touro Indomável (Martin Scorsese, 1980)
- Cinema Paradiso (Giuseppe Tornatore, 1988)