sexta-feira, 28 de maio de 2010

Crítica: Paradise Now (Hany Abu-Assad, 2005)

por Turambar
Extraído de http://cinefilos.interativo.org/filmes/2006/06/paradise-now/

Depois de ver o ponto de vista do cinema americano sobre os homens por trás de atos terroristas suicidas no excelente “Syriana”, temos o grato prazer, de ver esse polêmico tema a partir do ponto de vista de um cineasta que faz parte desse meio. Ou seja, em “Paradise Now”, temos a oportunidade de conhecer o lado de lá sem correr o risco de cair no preconceito maniqueísta ao qual nos habituamos, principalmente após o fatídico 11 de Setembro de 2001.

Said (Nashef) e Khaled (Suliman), são dois amigos de infância que vivem em uma destruída cidade palestina (campo de refugiados), onde a miséria, a falta de oportunidades e o revanchismo contra Israel ocupam a cabeça de boa parte dos seus cidadãos, em especial os mais jovens. Said e Khaled são chamados então, por um grupo ultra-radical, a se tornarem homens bomba e realizar um atentado contra soldados israelenses na belíssima e “americanesca” Tel Aviv. O plano sofre um sério revés quando os amigos se separam e tem que alterar todo o plano de ataque. É nessa busca, um pelo o outro, que as principais questões do filme são colocadas, e onde também é discutido o próprio sentido de como reagir a uma situação como essa enfrentada pelos personagens. O que os motiva e até onde essas motivações podem levá-los?

A partir daí, o ótimo diretor/roteirista Hany Abu-Assad, passa a mostrar algumas razões que levam pessoas simples e comuns, sem nenhuma espécie de radicalismo político ou religioso, uma forte ligação familiar, a tomar formas tão drásticas de combate. Estariam os homens bombas realmente convictos da necessidade de se explodirem, no intuito de destruir alvos considerados inimigos? Seria a violência a melhor forma de lutar contra um sistema opressor, mesmo sendo ele exageradamente violento, como comprovadamente foi Israel em relação à Palestina?
Hany Abu-Assad também busca quebrar com seu filme alguns dos estereótipos em relação ao povo palestino, mostrando a heterogeneidade de pensamento daquele povo, que também acredita em formas pacíficas de luta como alternativas à violência. E apesar de ser uma produção palestina, e a história ser toda focada no ponto de vista desse povo, em nenhum momento ocorre uma demonização judia, bem diferente do que é visto em algumas declarações do governo americano, constantemente reproduzidas pela mídia e alguns filmes de Hollywood, onde o maniqueísmo e o medo do “terror” são recursos de uso constante.

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