sexta-feira, 29 de maio de 2009

30/05 - Um skinhead no divã

UM SKINHEAD NO DIVÃ - Suzanne Osten (1992)

Sinopse
Jacob, um psiquiatra judeu, e Sören, um 'skinhead', se conhecem num trem quando o primeiro cuida dos ferimentos do segundo, espancado numa manifestação. Apesar de perplexo com as idéias do jovem neonazista, o psiquiatra sente necessidade de entendê-lo. O jovem despreza o psiquiatra, mas acha que precisa conhecê-lo melhor. É estabelecida então uma estranha e delicada comunicação entre os dois, gerando uma reflexão sobre a onda neonazista na Europa, os radicalismos e preconceitos. Duração: 82 minutos.

NÃO PERCAM! APÓS A SESSÃO HAVERÁ UM DEBATE COM O PSICOLÓGO AUGUSTO CALLILE.

Crítica - Um skinhead no divã

por Carlos Gerbase
Extraído http://www.terra.com.br/cinema/opiniao/skin.htm

Um encontro casual num trem: de um lado, um psicanalista judeu; do outro, um careca racista. O psicanalista é atraído pela mente visivelmente perturbada do careca. Mas por que o careca concorda em ser analisado pelo "inimigo" judeu? Esta é apenas a primeira pergunta desse filme cheio de interrogações, elipses e reticências. Suzanne Osten foge deliberadamente da crônica da marginalidade das gangues juvenis (retratada com brilhantismo em O Ódio, do francês Mathieu Kassouvitz) e prefere investir no indivíduo, em suas motivações mais sombrias e assustadoras. Os problemas familiares e sociais do skinhead vão se mostrando aos poucos: ele tem uma mãe super-protetora, um pai ausente e violento, um bando de amigos débeis mentais que gostam de se embebedar e depois bater em imigrantes.

Mas são os problemas psicológicos do careca que dominam o filme. Como ele alimenta seu ódio aos "diferentes"? Como ele constrói sua visão de mundo, em que Auschwitz não existe e Hitler é um herói? Como ele sublima seu desejo sexual, reprimido e direcionado à violência e ao desprezo às mulheres? O psicanalista não recua, mesmo quando o careca, subitamente desnudado, o ameaça. E, a partir desse confronto, o filme disseca friamente as contradições de uma sociedade aparentemente "evoluída", ao mesmo tempo que expõe, com calor infernal, as angústias de dois seres humanos tão frágeis quanto complexos.

Embora os diálogos sejam fundamentais e, mais do contar, "sejam" a história (um pouco à maneira de Bergman), Um skinhead no divã também é uma aula de imagens e símbolos. Destaco duas cenas. Na primeira, vemos espectadores de um show de rock hard-core, deitados sobre a multidão, sustentados e movidos por centenas de mãos, ao mesmo tempo solitários e entregues plenamente à coletividade sem rosto; logo a seguir, vemos o skinhead, em estúdio, com o peito nu, imóvel, igualmente sustentado por mãos anônimas. Na segunda, o careca mostra ao psicanalista como sua turma neo-nazista se cumprimenta, pulando e chocando os peitos, num gesto que à muito escapou do universo das gangues fascistas e pode ser visto freqüentemente em jogos de basquete e futebol americano.

O psicanalista pula, bate seu peito no peito do careca e experimenta a sensação. Experimenta com seu corpo, e não através da leitura de um tratado sobre semiologia dos gestos. O primeiro passo para interferir na realidade é compreendê-la. E por isso o psicanalista não teme o confronto. Pelo contrário: faz questão de penetrar na simbologia neo-nazista do careca, absorvê-la e depois jogá-la de volta, dando chance a que o careca se veja por inteiro. O que é o contrário do que os governantes fazem, ao reprimirem cegamente as gangues fascistas e tratá-las como algo infantil, sem razão e sem explicações na sociedade.

Um skinhead no divã, além de ser uma aula de cinema, é uma aula de política. E Suzanne Osten. Além de mulher, é cineasta de primeira. Um skinhead no divã - Tala! Det är så mörkt, Suécia, 1993. De Suzanne Osten. Com Etienne Glaser, Simon Norrthon, Anna-Yrsa Falenius e outros.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

23/05 - Amen

Amen - Costa-Gravas (2002)

Sinopse
Kurt Gerstein (Ulrich Tukur) é um oficial do Terceiro Reich que trabalhou na elaboração do Zyklon B, gás mortífero originalmente desenvolvido para a matança de animais mas usado para exterminar milhares de judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Gerstein se revolta com o que testemunha e tenta informar os aliados sobre as atrocidades nos campos de concentração. Católico, busca chamar a atenção do Vaticano, mas suas denúncias são ignoradas pelo alto clero. Apenas um jovem jesuíta lhe dá ouvidos e o ajuda a organizar uma campanha para que o Papa (Marcel Iures) quebre o silêncio e se manifeste contra as violências ocorridas em nome de uma suposta supremacia racial. Fez parte da Seleção Oficial do Festival de Berlin em 2002.Duração: 130 minutos.

Assista aqui ao trailer.

Crítica - Amen


Por Allan Kardec da Silva Pereira
Extraído de http://www.cineplayers.com/comentario.php?id=16004

Sem se afastar da política, Gravas nos mostra que o humano é muito mais do que parece ser, e que os acontecimentos de uma guerra deixa uns cegos para aquilo que não quer ver. Sem toda a forma lúdica do cinema americano, filme de Gravas parece difícil - e o é -, necessitando por parte de quem assiste de certo conhecimento prévio. Ainda sim válido enquanto documento-versão, Mathieu Kassovitz mais uma vez mostrando que é melhor atuando que dirigindo, faz um papel ousado e forte.

A diferença entre esse filme, e talvez esse valor não o equivala à obras-primas como O Pianista, ou A Lista de Schindler, e os filmes anteriormente citados consiste mais na forma como é gerida a trama. No filme de Gravas a trama vem do clima político-social, para depois, tratar do persoagem, das carcterísticas própias daqueles envolvidos na guerra. Enquanto A Lista de Schindler faz um estudo delicado e intenso de "heróis" e vilães, e o Pianista concentra-se meticulosamente no seu personagem principal, ou seja, a maneira de como essas pessoas encararam à guerra, em Amém de Costa-Gravas, a perspectiva é mais no sentido de como a guerra atingiu aquelas pessoas, de maneira que até o desenvolvimento da personalidade de todos os personagens fica um tanto insuficiente, não caricata, visto que vemos suas motivações ideológicas, suas visões de humanidade, de humanitarismo, onde o lado que estavam não necessariamente designaria suas idéias sobre a guerra.

O filme se passa na Segunda Guerra e conta a história de um cientista alemão responsável pela fabricação de uma substância para combater pestes animais. Todavia, o tempo passa e ele percebe o rela intento malígno por traz do projeto. Vendo que sua substância ceifava a vida de milhares de judeus a cada dia, Kurt Gerstein, o cientista, arrepende-se e vai procurar maneiras de informar ao mundo sobre o massacre dos judeus, recorrendo à igreja em busca de maior divulgação.

Nesse sentido, a direção de Gravas mostra-se mais uma vez eficiente, atacando a todos, Gravas forma sua versão sobre a guerra, onde Igreja, EUA e demais aliados estavam pouco se importando com o possível massacre de judeus no interior alemão. Em Amém, a impressão que nos fica é de que mais terrível que dizimar um povo, era o fechar os olhos e tapar os ouvidos por parte da Igreja, principalmente, para aquilo que fingiam não ver nem ouvir, ou seja, tantas e tantas pessoas morreram devido à falta de atitude de uns frente ao massacre praticado pelos nazistas.

Fica difícil tatear se apenas tais requisitos compõem um bom filme, marcante e prazeroso de se assistir. Todavia, o grande impasse de Amém consiste no deleixo técnico. Direção de Arte desconfortável, falta de apuro na direção, às vezes, deixa o filme com cara de Thriller europeu. À parte a isso, a bela e consisa TRilha Sonora e a ágil montagem empreendida no início e fim do filme.

Bem dirigido e bem roteirizado, Amém é um bom sinal de que o cinema europeu continua produzindo filmes com forte conteúdo crítico político. Embora careça de um pouco de originalidade - estigma de todos os atuais filmes sobre a Segunda Guerra -, trata-se de um filme proveitoso e válido para pesquisadores e interessados com um possível verdade sobre fatos da Segunda Guerra.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

16/05 - Mephisto

Mephisto - István Szabó (1981)

Sinopse
Alemanha, 1930, Hendrik Hofgen, é um ambicioso ator que não se interessa por política, se dedicando somente à sua carreira. Porém, quando os nazistas começam a tomar o poder, ele aproveita a oportunidade para interpretar peças de propaganda nazista para o Reich, e logo acaba se transformando no mais popular ator da Alemanha. Consumido pela fama, Hendrik agora precisa sobreviver em um mundo onde a ideologia do mal é seu pior pesadelo e o verdadeiro preço da alma de um homem, se transforma na medida mas desprezível de todas. Vencedor do Oscar de Melhor Filmes Estrangeiro e da Palma de Ouro em Cannes em 1981. Duração: 144 minutos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Crítica - Mephisto

Por Andy Malafaya
Extraído de http://www.cineplayers.com/critica.php?id=1327

Mephisto foi o projeto pelo qual o realizador húngaro István Szabó recebeu, pela primeira vez, grande reconhecimento internacional. Ele, que na época já tinha carreira cinematográfica doméstica de mais de vinte anos, concorreu com este à Palma de Ouro no Festival de Cannes daquele ano, vencendo os prêmios da Federação Internacional de Críticos de Cinema e de melhor roteiro, além da consagração com o Oscar de melhor filme em língua estrangeira – coincidentemente ligado ao fato de que o longa-metragem fora a primeira co-produção internacional da carreira do cineasta, sendo patrocinado pela Alemanha Ocidental, pela Áustria e pela própria Hungria.

Contextualizando o filme dentro da produção cinematográfica da época, Mephisto é algo já academicamente excessivo, que se utiliza da gramática classicista para construir sua narrativa, com pouquíssimas exceções, como o seu desfecho lírico, aberto para alguns, e sem final feliz. O cinema mundial, entretanto, já estava se constituindo de uma nova forma de se fazer filmes, considerando que o cinema hegemônico, o estadunidense, já se encontrava na fase pós-Tubarão (Jaws, 1975) e pós-Guerra nas Estrelas (Star Wars, 1977), e o próprio cinema alemão, referência mais próxima do cinema húngaro, via os últimos momentos do Cinema Novo local, pois em 1982 faleceria precocemente o cineasta Rainer Werner Fassbinder, colocando um ponto final nessa escola cinematográfica.

Mephisto, que foi roteirizado pelo próprio Szabó em colaboração com Péter Dobai, é baseado em Doktor Faustus, de autoria de Klaus Mann, filho do consagrado escritor Thomas Mann. O romance retrata a vida real de Gustaf Gründgens – apresentado como Hendrik Hoefgen, ator alemão que fora casado com a própria irmã de Klaus Mann, e que permaneceu na Alemanha mesmo após a subida de Hitler ao poder, se tornando um símbolo cultural do regime nazista, principalmente pela sua representação de Mefistófeles na peça Fausto, de Goethe, uma das poucas que eram permitidas na época.

O filme faz essa adaptação literária para o cinema de forma acadêmica e grandiosa. Começa já com uma mise-en-scène de uma apresentação operística - o rococó visual de Szabó continua permeando todo o filme, seja em grandiosos cenários e figurinos elaborados, seja em grandes tomadas de câmera. Esse tom épico, “maior que a vida”, enquadra perfeitamente a figura central de Hendrik Hoefgen, encarnado num tour de force magistral pelo ator Klaus Maria Brandauer, que viria a fazer sucesso internacional por conta deste papel.

Hendrik Hoefgen é um ator ambicioso que deseja o sucesso, e para isso sacrifica tudo o que acredita: esquece-se de seus ideais bolcheviques, de sua mulata amante alemã e dos próprios escrúpulos para tornar-se o maior ator do regime nazista e, posteriormente, diretor do Teatro Nacional Alemão. Seu ego cresceu proporcionalmente ao tamanho de sua fama, o que acabou causando o seu trágico destino.

A peça Fausto possui duas vertentes dentro da narrativa. A mais óbvia é a que é representada dentro da própria trama, já que a peça serve como consagração definitiva de Hoefgen como ator, encarnando Mefistófeles, e que o permite conhecer o Primeiro Ministro alemão, que o proporcionará todos os seus almejos. A segunda vertente, a do filme como estrutura, subverte os papéis e coloca Hoefgen como o personagem Fausto, ambicioso e que trava um pacto com o diabo para ascender; papel este do diabo que cabe ao personagem do Primeiro Ministro (Rolf Hoppe, inspirado na figura real de Hermann Göring, um dos mais populares líderes nazistas).

A última frase proferida por Hoefgen no filme representa bem o seu personagem. “O que querem de mim? Eu sou só um ator” simboliza o dilema de toda a gama de artistas em regimes totalitários, que muitas vezes sacrificaram – e sacrificam – suas crenças políticas, religiosas e de outros âmbitos em nome da própria sobrevivência. No caso de Hoefgen, este teve culpa por sua trajetória, já que teve a chance do exílio. Morreu em nome da fama e do sucesso.

Em relação a época em que Mephisto foi lançado, o início dos anos 1980, começava-se a geração dos yuppies, do início da globalização e da Perestroika russa. Morriam os ideais comunistas e humanistas, enquanto surgia uma nova burguesia, totalmente pragmática, global e ligada diretamente ao dinheiro. É sobre isso que Mephisto discorre: de um ator que vende a alma ao diabo em troca de “novos valores”. A classe média alemã foi nazista porque via nos nacionais-socialistas uma forma de enriquecer e sair da ruína provocada pela Primeira Guerra, sem cair no comunismo. Szábo vê então nessa nova ordem mundial (termo criado por Ronald Reagan) uma nova forma de nazismo: a busca do dinheiro a todo custo, a fama, a beleza física perfeita e outros valores que se perpetuam até hoje.

terça-feira, 5 de maio de 2009

09/05 - Lacombe Lucien

Lacombe Lucien - Louis Malle (1974) - França

Sinopse
Lucien Lacombe, um jovem do campo da região do Sudoeste da França, trabalhando na cidade, em junho de 1944, retorna à casa dos pais. O seu pai foi preso pelos alemães e a sua mãe vive com um outro homem. Ele reencontra o seu professor que se tornou um membro da Resistência, a quem confidencia o desejo de ingressar nos maquis, mas é recusado. Ao retornar para a cidade é preso pela Gestapo e após um hábil interrogatório denuncia o seu professor. Por isso, é engajado pela polícia alemã. Logo, passa a viver como um agente policial, mas enamora-se de uma jovem judia. Indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Duração: 140 minutos

Crítica - Lacombe Lucien

Para quem mora no Rio de Janeiro, e está acostumado a ter medo de meninos de seis anos de idade, que andam fortemente armados, só para "fazer um ganho" momentâneo, angariar respeito de seus próximos, enfim, ter um tipo de vida que lhes pareça disponível (já que foram completamente abandonados pela sociedade), o roteiro do filme Lacombe, Lucien, de Louis Malle, é incrivelmente próximo da realidade. Ainda que se passe no interior da França, na época da Ocupação, e fale sobre a história de um colaboracionista.

O roteiro, feito por Malle em parceria com o escritor Patrick Modiano - cuja obra foi objeto do meu estudo no mestrado em Letras -, foi o tema do meu primeiro trabalho na época do curso. Achei que seria interessante falar sobre esse filme que, surpreendentemente ( e eu descobri isso quando fiz o trabalho), é pouco conhecido, mesmo daqueles que são fãs do Louis Malle e do cinema francês (que é o meu caso). Au revoir, les enfants (Adeus, meninos), que gira também sobre o tema, em contrapartida, é bem mais conhecido. Em parte possivelmente porque foi um caso clássico de injustiça do Oscar. E, nesses casos, o filme que não ganha - mas deveria ganhar - fica mais conhecido do que o que ganha. Em 1987, Au revoir perdeu para A festa de Babete, que é bom, mas não chega aos pés da obra-prima autobiográfica do Malle. Já Lacombe, Lucien, em 1974, perdeu para Amarcord, o que realmente foi justíssimo. É bem verdade que Au revoir ganhou 21 prêmios franceses e internacionais, contra 5 de Lacombe, Lucien. Mas os tempos eram outros...Em 1974, o assunto "ocupação" ainda era desagradável para muita gente. Ou então há outras razões porque o público deixou esse filme meio de lado, que eu não sei explicar, porque quando eu conto sobre ele, não há quem não diga que precisa assisti-lo imediatamente.

Na época, o filme causou um certo choque, pois mostrava a história do camponês Lucien, um rapaz bem simples e sem nenhuma convicção política, que, após ser rejeitado como voluntário para lutar na Resistência, une-se à polícia alemã no último ano da guerra. O filme mostra como o jovem simples e sem grandes ambições vai se adaptando facilmente a uma situação de poder, sem que isso significasse que ele havia sido doutrinado. Mais tarde, ele se apaixona por uma judia e trai os alemães com a mesma facilidade, matando um soldado e ajudando a família da moça a fugir. Essa ambigüidade não deve ter sido muito confortável para a platéia francesa (mesmo na década de 70!) e há registro de que algumas salas de exibição boicotaram o filme.

Em entrevista ao crítico de cinema britânico Philip French, que foi publicada em forma de livro (Malle on Malle, 1993), o cineasta relembra as reações negativas ao filme. "We had invented and put on the screen a character who was complex and ambiguos to the point where his behaviour was acceptable. For them (ele refere-se ao público francês na época), it justified collaboration - which certainly is not what I was trying to do". (p.103)

Segundo o próprio cineasta, o seu approach foi baseado em uma visão marxista. Sobre o personagem "Lucien", Malle afirmou que havia se inspirado na reflexão de Marx sobre o lumpenproletariado, aquela classe social que não tem outra escolha além de colaborar com as forças de repressão, porque elas não dispõem de nenhuma cultura política (sobre uma definição mais exata, ver neste link, encaminhado pelo meu amigo Maurício, que questionou-me sobre a precisão da frase de Malle). Assim, as razões pelas quais Lucien Lacombe se engajou na milícia nazista foram mais relacionadas a necessidades de conforto material, ascensão social, fortalecimento do amor-próprio do que por questões ideológicas.

Para escrever o roteiro do filme, Malle convidou o escritor Patrick Modiano, um romancista premiado e conhecido por tratar do assunto "ocupação" em seus livros. A partir daí, a interação entre os personagens, o caráter de Lucien e o roteiro como um todo iriam ser modificados em relação às intenções iniciais de Malle, ganhando muito em profundidade


Extraído de http://marciacl.typepad.com/na_linha/2005/12/index.html

Biografia - Louis Malle

Louis Malle foi um diretor de cinema francês que dirigiu trinta longa-metragens. Nasido na cidade de Thumieres em 1932, Louis Malle conviveu à margem de uma geração de cineastas de seu país, que formavam a nouvelle vague. Por não se adapatar a dogmas estéticos e formais e ter um estilo diferente dos grandes representantes do movimento, como François Truffaut, Jean-Luc Godard, Eric Rohmer e Claude Chabrol, Malle acabou sendo rejeitado por eles. Formado em Ciências Políticas pela Universidade de Sobborne, Malle conseguiu projeção mundial com filmes que atacavam os costumes burgueses, que em suas obras parecem estar sustentados por uma malha fina de hipocrisia, medo e frustração, e que tocavam nos principais tabus do mundo ocidental, como a liberação feminina (Os Amantes, 1958), o suícidio, (Trinta Anos Esta Noite, 1963) o incesto (O Sopro no Coração, 1970) e a pedofilia (Menina Bonita, 1978). Por isso, suas obras são consideradas fundamentais para a compreeensão de diversas angústias sociais humanas da segunda metade do século XX. Causou inclusive o constragimento de toda a nação francesa, ao realizar um filme (Lacombe Lucien, 1974), sobre o colaboracionismo francês com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Casado com a atriz Candice Bergen, Louis Malle faleceu em Bervely Hills, nos Estados Undiso, vítima de câncer, em 1995.

Maiores informações:
Página oficial de Louis Malle.
Louis Malle no IMDB (The Internet Movie Database).