sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

29/01: Longa-metragem: Quando o vento sopra (Jimmy T. Murakami, 1986)

Quando o vento sopra - Jimmy T. Murakami (1986)

Sinopse
Quando o vento sopra conta a história do casal rural de idosos, Jim e Hilda Bloggs, moradores de Sussex, Inglaterra. Diante de um iminente ataque nuclear russo, os velhinhos decidem construir um abrigo seguindo as orientações da cartilha oficial do governo britânico, que com o o desenrolar da história se mostra absolutamente ineficaz. A inocência do casal que por vezes é utilizado para gerar uma doce comédia, contrapondo com o risco de um fim trágico. Baseado na graphic novel criada em 1982 pelo artista Raymond Briggs. Duração: 80 minutos

29/01: Curta-metragem: Destino (Dominique Monfery, 2003)

Destino - Dominique Monferry (2003)

Sinopse
Destino é um curta-metragem animado lançado em 2003 pela The Walt Disney Company. Destino é único em que a sua produção inicialmente começou em 1945, 58 anos antes da sua eventual conclusão. O projeto foi uma colaboração entre animador americano Walt Disney e pintor espanhol surrealista Salvador Dalí, e inclui música escrita pelo compositor mexicano Armando Dominguez. Os seis minutos de curta mostram a história do mal-fadado amor que Chronos tem para uma mulher mortal. A história continua como a fêmea dança através das paisagens surreais inspiradas por Salvador Dalí. Duração: 6 minutos.

Crítica: Quando o vento sopra (Jimmy T. Murakami, 1986)

por JohnSamus
Extraído de http://boiaodecultura.blogspot.com/2008/11/when-wind-blows.html

"...It's no fairy tale."

"When the wind blows", realizado por Jimmy T. Murakami (1986), é dos melhores filmes de animação que eu já vi. Desde a sua história até à sua simples, e ao mesmo tempo inocente, animação, todo o filme é genial. Passado numa Inglaterra rural, "When the wind blows" conta-nos a história de um casal de idosos que se tenta preparar para a iminente queda de uma bomba nuclear, construindo um abrigo conforme as normas dos panfletos criados pelo Governo. Um filme sobre a inocência e a passagem dos tempos, onde um casal tenta sobreviver a algo que simplesmente não compreende, muito menos imaginar os danos que lhes irá causar. A própria ideia da radiação lhes passa ao lado, pensando que é apenas mais uma daquelas bombas utilizadas durante a Segunda Guerra Mundial, e que se, palavras-chaves, o Governo diz que tudo ficará bem, é porque tudo ficará bem.

Este deve ser dos filmes mais poderosos que vi nos últimos tempos. É de uma crueldade tremenda e ao mesmo tempo apresenta-nos uma inocência e alegria que nunca estariamos à espera. Ligamo-nos ao casal simpático de idosos e à sua crença que "tudo ficará bem", e nós próprios pensamos que alguém os irá ajudar e que, se for preciso, nem caiu nada...mas como a tagline deste filme diz: "...It's no fairy tale".

É um caminhar para a morte, nós sabemos que é inevitável, mas eles não sabem. Não percebem os sintomas da radiação, não percebem o que raio caiu no seu pais e nem percebem que o abrigo que construiram nunca os poderia proteger da bomba mais mortifera construida pelo homem. Eles não sabem, o Governo nada diz e nós desesperamos ao ver o que lhes acontece.

Duas personagens, sempre no mesmo espaço e 80 minutos de duração, fazem deste filme um dos filmes mais geniais que vi e uma lição para todos os argumentistas deste mundo (qualquer dia, poderei dizer que sou um deles). Consegue provar que a simplicidade consegue ser muito mais forte que uma história demasiado complicada, actos tão normais e ao mesmo tempo tão devastadores que nos afectam muito mais, deixando-nos a pensar sobre eles durante dias. A animação não chama muito a atenção, simples e eficaz, os desenhos contrastam com a história que contam, e os velhotes estão bem caracterizados pelas suas personalidades. A senhora como a mulher que confia no seu marido, e o marido como aquele que pensa ter tudo controlado, que confia no seu governo, mas que acaba por saber que tudo está mal, mas que quer proteger a sua mulher dessa verdade.

A música é composta por nomes como Roger Waters (ex- Pink Floyd), David Bowie e ainda os Genesis, numa banda sonora esmagadora e satirica, principalmente no grandioso final. Nunca gostei tanto de ouvir a voz do Roger Waters como nesta banda sonora, fazendo o filme muito mais poderoso, dramático e ao mesmo tempo com aquela inocência dos personagens, transparecendo uma alegria muito mais triste do que aquilo que queriamos (porque nós sabemos o que lhes vai acontecer, mas eles não sabem).

É um filme que ficará com vocês. Depois de o verem, irão comentá-lo com os vossos amigos, aocnselhá-lo e sonhar com ele. Se não o conseguirem arranjar, o filme está no youtube, a qualidade não é a melhor, mas ao menos está completo. Experimentem, não se vão arrepender.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Reprise dos mais votados no segundo semestre de 2010: 26/01: O Homem Elefante (David Lynch, 1980)

O Homem Elefante - David Lynch (1980)

Sinopse
John Merrick um inglês que vive recluso em um circo por ter uma doença que desfigurou seu rosto. Ele é descoberto por um médico, que deseja integrá-lo à sociedade não como um "esquisito", mas como alguém normal e culto. O problema é que as pessoas não estão prontas para isso, e John terá que sofrer muito para ser tratado como ser humano. Duração: 120 minutos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

22/01: Longa-metragem: Valsa com Bashir (Ari Folman, 2008)

Valsa com Bashir - Ari Folman (2008)

Sinopse
Depois de conversar com um amigo sobre a participação deles na Guerra do Líbano no começo da década de 80, o diretor Ari se dá conta de que há uma grande lacuna na sua memória referente àquela época. Ele resolve, então, sair em busca de seus ex-companheiros de exército israelense para reconstruir o que viveram e o que realmente aconteceu naquele período de tempo. Duração: 90 minutos

22/01: Curta-metragem: Dimensões do diálogo (Jan Svankmajer, 1982)

Dimensões do diálogo - Jan Svankmajer (1982)

Sinopse
Um retrato da comunicação dividido em três partes: a primeira mostra três cabeças (feitas de diversos materiais, entre frutas, peças de cozi-nha e material escolar) devorando-se infinitamen- te; o segundo retrata um casal e seus problemas para lidar com o produto de sua paixão; e o último mostra duas cabeças jogando uma variante bizarra do jogo pedra-papel-tesoura. Um clássico de um mestre do surrealismo e do stop-motion, o tcheco Jan Svankmajer. Duração: 11 minutos.

Crítica
por Jorge
Extraído de http://omundodoscinefilos.blogspot.com/2010/12/dimensoes-do-dialogo.html

Considerado por muitos a obra máxima de Jan Svankmajer e também uma das maiores animações já feitas, Dimensões do Diálogo é, tal qual o título induz, uma bizarra, perturbadora e em alguns momentos grotesca análise da diáletica entre os indivíduos através da ótica do cineasta tcheco. Para tanto, ele divide o curta em três partes distintas, com cada uma abordando um estilo de discurso, em comum, todas retratam uma impossibilidade de comunicação.

Na primeira parte, intitulada Conversa de Fato [tradução livre], somos apresentados a três cabeças humanas formadas uma por alimentos, uma por utensílios e outra por materiais didáticos. Uma cabeça encara a outra e a devora, digerindo-a por alguns instantes e posteriormente regurgitando-a. A cabeça regurgitada se volta para a terceira cabeça e repete o processo. Essa terceira, por sua vez, faz o mesmo com a primeira, fechando assim um círculo que é repetido diversas vezes até que não haja mais o que ser destruído. As três cabeças tiveram suas partes reduzidas a pedaços tão ínfimos que já não é mais possível discernir qual é qual.

O que Svankmajer propõe nesse segmento pode ser interpretado como uma metáfora para o diálogo entre três distintos núcleos sociais. As pessoas ditas "orgânicas", que prezariam pela saúde do corpo e pela natureza humano instintiva e emotiva, as pessoas "mecânicas", que podem ser vistas como o proletário que prioriza a sociedade acima de tudo, e as pessoas "científicas", que dariam prioridade para a razão. No início, não há interação entre essas três figuras, mas quando a sociedade se sobrepõe à individualidade, a razão se sobrepõe à sociedade e a individualidade se sobrepõe à razão, cria-se um ciclo vicioso que se transforma numa via de diálogo, levando as três figuras, por meio da conversa e da argumentação, até um patamar de estabilidade intelectual, onde todos possuem a mesma figura, e os novos indivíduos que surgem compartilham dessa mesma imagem. Eis a sociedade utópica de Svankmajer, a comunhão entre razão, individualidade e coletivismo.

No segundo segmento, intitulado Diálogo Passional [tradução livre], temos um casal de figuras de argila postas sobre uma mesa. No início, eles apenas se encaram. Logo, surge o toque, que evolui até o ponto em que os corpos começam lentamente a se fundir, até virarem uma massa disforme, porém harmoniosa, jogada sobre a mesa. Logo percebemos que aquela massa é na realidade um casal imerso em atividade sexual. Após alguns instantes nisso, os corpos novamente se separam, porém um pedaço da matéria que os compõe sobrou na mesa, não fazendo parte a nenhum dos dois. Logo, essa matéria se mostra também dotada de vida e parte em busca de atenção daqueles que o criaram, porém, nenhum dos dois pretende cuidar daquele fruto do incidente. Com um lançando a responsabilidade sobre o outro, a batalha não tarda a acontecer e quando ela ocorre, novamente os corpos se unem numa massa disforme, porém, ao invés de harmoniosa como da primeira vez, aqui têm-se uma massa caótica e incômoda em sua forma.

Dessa vez, a mensagem de Svankmajer é clara. Embora em um primeiro momento a paternidade seja vista com bons olhos, na percepção de que o filho é um pedaço de cada um dos pais, que num momento de perfeita comunhão se separou, dotou-se de vida e tornou-se um indivíduo à parte, no momento seguinte é questionada a negligência paterna e como essa negligência pode tornar o amor em ódio. Por outro lado, pode-se criar uma segunda visão de como os filhos destroem a felicidade de seus pais, por serem algo inesperado e do qual ninguem pretende assumir responsabilidade. Um segmento incômodo, mas que deixa abertas as interpretações para quem assiste.

O terceiro segmento se chama Discussão Exaustiva [tradução livre, mais uma vez] e se consiste em duas cabeças que são postas sobre uma mesa, uma de frente para a outra. De suas bocas, saem objetos que se comunham, como por exemplo lápis e apontador, pão e manteiga, sapato e cadarço e escova de dentes e pasta. Porém, quando elas trocam de lugar, essa harmonia se quebra, e elas começam a mandar objetos que não combinando, dando início a um caos que conforme avança, vai destruíndo as duas figuras, até deixá-las lançadas sobre a mesa, totalmente deformadas.

Aqui temos o cineasta abordando a forma como as relações humanas se degradas, tendo um início harmonioso, onde as coisas fluem de maneira pacífica, porém quando todas as possibilidades de interação foram exploradas e os indivíduos se vêem forçados a procurar novos meios, a paz desaba e o caos reina, levando os envolvidos até a completa exaustão, seja ela física ou psicológica.

Como sempre, Svankmajer genial demonstra por meio de figuras que há uma primeira vista parecem meramente surreais uma pesada visão da degradação do ser humano moderno.

Crítica: Valsa com Bashir (Ari Folman, 2008)

por Rodrigo Carreiro
Extraído de http://www.cinereporter.com.br/criticas/homevideo/valsa-com-bashir/


Filme israelense sobre a guerra do Líbano trabalha de forma sutil o tema da memória e funde documentário com animação.

O cinema contemporâneo do século XXI tem como uma de suas principais características o hibridismo. A mistura de gêneros era algo incomum até mais ou menos a década de 1960, quando o mundo sofreu mudanças radicais e o cinema, idem (nouvelle vague e geração New Hollywood). De lá para cá, pudemos assistir a comédias de suspense, musicais de guerra e todo tipo de fusão fílmica que um dia pareceu difícil de realizar. Há alguns gêneros, contudo, cuja união em um mesmo produto soa absolutamente incompatível. É o caso da animação e do documentário, que possuem duas naturezas opostas por trabalharem com diferentes tipos de percepção da realidade. Pois o maior mérito de “Valsa com Bashir” (Vals Im Bashir, Israel/Alemanha/França, 2008) é operar esse hibridismo impossível de maneira não apenas criativa e original, mas com forte ressonância emocional.

O segundo longa-metragem do diretor israelense Ari Folman foi lançado durante o Festival de Cannes de 2008, sob olhares estupefatos de grande parte da crítica internacional. Ninguém esperava um trabalho tão refrescante e contundente, tão ousado e ao mesmo tempo discreto em sua condenação absoluta da violência institucionalizada. Os elogios foram praticamente unânimes. Daí para frente, o filme percorreu uma bela carreira em festivais ao redor do mundo, culminando com a vitória na categoria de melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro de 2009 (onde bateu concorrentes fortíssimos, como o italiano “Gomorra”), justamente durante um período de violência bélica – o bombardeio de Israel à faixa de Gaza, com quase mil palestinos mortos – que fez a mensagem pacifista da película ressoar de maneira ainda mais forte e simbólica. Isso sem falar da coragem do diretor em comparar, dentro do próprio filmes, as ações bélicas de Israel, seu próprio país, com o genocídio nazista.

Não há dúvida de que o elemento mais importante do trabalho de Ari Folman é a fusão do documentário com a animação. Historicamente, esta mescla parecia impossível. Afinal, são dois gêneros que operam com realidades distintas e não-intercambiáveis. A animação trabalha com o irreal, com o fantástico; filmes que optam por esta linguagem o fazem, normalmente, porque a narrativa exige um tratamento estilizado, propositalmente afastado da realidade. Já o documentário faz o caminho oposto; trabalha com material de carne e osso, tenta reconstruir dentro do espaço fílmico a realidade nua e crua, da maneira mais fiel possível. Se a animação busca o não-real e o documentário vai atrás do real, como alcançar um meio termo? “Valsa com Bashir” prova que no campo estético, com ousadia e inventividade, tudo é possível.

O longa-metragem é uma corajosa viagem pessoal do cineasta por dentro de traumas íntimos que sua mente humana preferiu apagar, numa atitude perfeitamente explicável pela Psicanálise. Folman, que serviu ao Exército de Israel e participou como soldado da invasão do país ao Líbano, em 1982, percebeu que não lembrava nada do período da guerra, com uma única exceção – a imagem de militares israelenses tomando banho de mar, nus, à noite, enquanto foguetes sinalizadores caíam sobre uma cidade parcialmente destruída. Será que aquela imagem teria acontecido de verdade? Ou era um sonho, uma alucinação? Por que ele não conseguia lembrar mais nada – nem um momento sequer – daquela guerra? Para responder a essas perguntas, Folman decidiu entrevistar ex-militares de Israel que participaram do conflito e confrontar as diversas versões do acontecimento.

O fato de trabalhar essencialmente com memórias pessoais foi uma das razões práticas fundamentais para a escolha do formato “documentário de animação”. O cineasta percebeu rapidamente que seu trabalho ficaria visualmente pobre, burocrático mesmo, se recorresse ao normal nesses casos – imagens de arquivo feitas por redes de TV ou reconstituições encenadas dos acontecimentos. Assim, inspirado pelas imagens melancólicas e levemente surreais da ficção “O Homem Duplo” (2006), Folman decidiu ousar e transformar seu filme numa animação em 2D, com artistas recriando tanto os depoimentos quanto as imagens saídas das memórias dos entrevistados.

O resultado é devastador. Graças à utilização desse recurso narrativo original, Folman pôde transformar em imagens relatos de enorme força poética, como o sonho recorrente que um amigo tem todas as noites com 26 cachorros (a impactante seqüência de abertura) e a fuga insólita, pelo mar, de um soldado israelense cuja patrulha foi atacada por libaneses em uma noite de luar. Isso sem falar da surreal seqüência que dá título ao filme, em que o ex-comandante de uma operação israelense no Líbano surta após vários dias de tensão e agonia e sai executando uma louca dança da morte, munido de apenas uma metralhadora, durante um tiroteio. Durante todo o filme, apenas a seqüência final deixa de lado a animação para nos apresentar, em uma curta série de imagens de violência brutal, as razões pelas quais a mente do cineasta preferiu apagar as lembranças da guerra.

O estilo de animação utilizado, em duas dimensões, opta por traços simples e largos, desprezando detalhes. O efeito de três dimensões é dado à moda antiga, destacando com o foco os personagens em primeiro plano do cenário ao fundo. Junto com a paleta de cores escolhida (repleta de laranjas, azuis e tonalidades básicas, levemente irreais), dá ao filme uma adequada qualidade impressionista, que valoriza de forma definitiva o tema subjacente aos relatos. Afinal de contas, mais até do que um documento anti-belicista, “Valsa com Bashir” é um filme sobre o caráter fugidio da memória humana, sempre pronta para distorcer lembranças e preencher lacunas com falsas verdades, por puro instinto de auto-proteção. Um filme tão raro quanto belo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Reprise dos mais votados no segundo semestre de 2010: 19/01: Yesterday (Darrel Roodt, 2004)


YESTERDAY - Darrel Roodt (2004)
Exibido pela primeira vez em setembro, no ciclo de Cinema Africano

Sinopse
Yesterday é uma moça do Sul da África que vem a adoecer e a descobrir que é portadora do vírus da Aids. A doença faz com que seu marido a rejeite, e, em meio a tanto sofrimento, que ela lute para sobreviver e ver sua filha indo para a escola. FILME REALIZADO NA ÁFRICA DO SUL. Duração: 93 minutos

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

15/01: Longa-metragem: Mary e Max (Adam Elliot, 2009)

Mary e Max - Adam Elliot (2009)

Sinopse
Uma história de amizade entre duas pessoas muito diferentes: Mary Dinkle, uma menina gordinha e solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e Max Horovitz, um homem de 44 anos, obeso e judeu que vive com Síndrome de Asperger no caos de Nova York. Alcançando 20 anos e 2 continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito além dos altos e baixos da vida. Mary e Max é viagem que explora a amizade, o autismo, o alcoolismo, de onde vêm os bebês, a obesidade, a cleptomania, a diferença sexual, a confiança, diferenças religiosas e muito mais. Duração: 88 minutos

15/01: Curta-metragem: O Velho e o Mar (Aleksandr Petrov, 1999)

O Velho e o Mar - Aleksandr Petrov (1999)

Sinopse
Adaptação de um dos trabalhos mais famosos do escritor Ernest Hemingway, que conta a história da amizade entre um jovem rapaz e um velho pescador enfurecido após várias semanas sem conseguir pescar nada. Para este filme, o diretor Aleksandr Petrov fez cada frame utilizando tinta à óleo de secagem demorada em vidro. Com os dedos, manipulava o óleo entre os frames e fotografava os resultados, então moldava o óleo para o próximo frame e repetia o processo. Um total de 29.000 frames (confira dois deles abaixo) estão presentes no filme. Recebeu o Oscar de melhor curta metragem animado. Duração: 20 minutos



Crítica: Mary e Max (Adam Elliot, 2009)

por Fred Burle
Extraído de http://www.fredburlenocinema.com/2010/04/critica-mary-e-max.html

Estreia de Adam Elliot na direção de longas metragens – anteriormente, ele havia dirigido curtas como Harvey Krumpet, vencedor do Oscar 2003 de melhor curta animado – Mary e Max é uma dessas agradáveis surpresas que o cinema nos reserva. Abriu o Festival de Sundance, ganhou o Crystal Bear (prêmio para a nova geração) no Festival de Berlim 2009, entre outros.

Desenvolvido com a técnica do stop-motion e finalizado com a ajuda da computação gráfica, o filme é baseado em fatos reais, sobre a amizade entre uma menina australiana de 8 anos e um novaiorquino de 44. Ela é gordinha, desajeitada, muito curiosa; sua mãe é uma alcoólatra depressiva e seu pai trabalha numa fábrica de pregar cordões nos saquinhos de chá. Ele é um senhor que sofre da Síndrome de Asperger, recluso em sua casa, seus pensamentos lógicos e seu vício em cachorro quente de chocolate (!). Ambos são cheios de pensamentos filosóficos sobre a vida, que só diferenciam-se pela diferença etária. Quem nunca fez as perguntas de Mary quando criança? Quem nunca teve pensamentos de tangência com a teoria de Max, em algum momento da vida?

Inicialmente, é possível pensar que trata-se de uma animação de história engraçadinha e clichê, mas o que se vê é um drama cômico envolto por diversas camadas, que se mostram aos poucos para o público e impressiona pela densidade do roteiro e pelos rumos inesperados que história toma.

A animação tem como principal fonte de humor a complementação imagem-narração. A graça advém da irônica controvérsia entre o que é mostrado e o que é falado. O filme critica a sociedade-do-pouco-contato em que vivemos, mostrando os vícios e as fobias dos personagens, não só dos protagonistas como também dos coadjuvantes, como a mãe e o vizinho de Mary; a vizinha e os cidadãos que Max observa.

Mary “vê” tudo em tons marrons, enquanto que Max “vê” tudo em preto-e-branco. O que acontece quando as duas visões de mundo se encontram é tristonho, mas profundo e muito bonito. A sensação tida, quem sabe, pode ser a de comer leite condensado na lata, com o seu melhor amigo. Como disse a escritora Ethel Mumford: “Deus nos dá familiares. Ainda bem que podemos escolher nossos amigos”.

Mary e Max (os personagens e o filme), encantam e emocionam do começo ao fim, assim como a bela trilha sonora instrumental. Uma overdose muito bem vinda de originalidade. Uma frase, aparentemente simples, dita pelo médico de Max, Dr Hazelhof, resume o filme: “a vida de todo mundo é como uma longa calçada. Algumas são bem pavimentadas, outras (…) têm fendas, cascas de banana e bitucas de cigarro”.

Se for para viver uma história linda e ímpar como a de Mary e Max, eu prefiro que a minha calçada seja bem defeituosa. Só procuraria um pouco de tinta para pintar o meio-fio!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Programação Janeiro 2011: Animações (e as reprises das quartas feiras)

É com muito prazer que o Cine Clube Ybitu Katu retorna às suas atividades no próximo sábado, dia 15 de janeiro, novamente com o tema Animações, que já encantou o nosso estimado público há dois anos atrás. Resolvemos voltar neste tema por conta do grande retorno dado pelo público na ocasião de sua exibição, em janeiro de 2009 . Além disso, sentimos a necessidade de trabalhar melhor este tema, já que nos últimos dois anos ocorreu o lançamento de diversas animações que se tornarão inesquecíveis na memória dos cinéfilos. Por fim, também é uma belíssima oportunidade de se resgatar alguns clássicos, sobretudo curtas-metragem que não foram trabalhados na primeira ocasião.
Esperamos que seja do apreço de todos.

Programação Cine Clube Ybitu Katu Janeiro de 2011
Animações


15/01
Curta-metragem: O Velho e o Mar (Aleksandr Petrov, 1999)
Adaptação de um dos trabalhos mais famosos do escritor Ernest Hemingway, que conta a história da amizade entre um jovem rapaz e um velho pescador enfurecido após várias semanas sem conseguir pescar nada. Para este filme, o diretor Aleksandr Petrov fez cada frame utilizando tinta à óleo de secagem demorada em vidro. Com os dedos, manipulava o óleo entre os frames e fotografava os resultados, então moldava o óleo para o próximo frame e repetia o processo. Um total de 29.000 frames estão presentes no filme. Recebeu o Oscar de melhor curta metragem animado. Duração: 20 minutos

Longa-metragem: Mary and Max (Adam Elliot, 2009)
Uma história de amizade entre duas pessoas muito diferentes: Mary Dinkle, uma menina gordinha e solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e Max Horovitz, um homem de 44 anos, obeso e judeu que vive com Síndrome de Asperger no caos de Nova York. Alcançando 20 anos e 2 continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito além dos altos e baixos da vida. Mary e Max é viagem que explora a amizade, o autismo, o alcoolismo, de onde vêm os bebês, a obesidade, a cleptomania, a diferença sexual, a confiança, diferenças religiosas e muito mais. Duração: 88 minutos

22/01
Curta-metragem: Dimensões do Diálogo (Jan Svankmajer, 1982)
Um retrato da comunicação dividido em três partes: a primeira mostra três cabeças (feitas de diversos materiais, entre frutas, peças de cozi-nha e material escolar) devorando-se infinitamen- te; o segundo retrata um casal e seus problemas para lidar com o produto de sua paixão; e o último mostra duas cabeças jogando uma variante bizarra do jogo pedra-papel-tesoura. Um clássico de um mestre do surrealismo e do stop-motion, o tcheco Jan Svankmajer. Duração: 11 minutos.

Longa-metragem: Valsa com Bashir (Ari Folman, 2008)
Depois de conversar com um amigo sobre a participação deles na Guerra do Líbano no começo da década de 80, o diretor Ari se dá conta de que há uma grande lacuna na sua memória referente àquela época. Ele resolve, então, sair em busca de seus ex-companheiros de exército israelense para reconstruir o que viveram e o que realmente aconteceu naquele período de tempo. Duração: 90 minutos

29/01
Curta-metragem: Destino (Dominique Monfery, 2003)
Destino é um curta-metragem animado lançado em 2003 pela The Walt Disney Company. Destino é único em que a sua produção inicialmente começou em 1945, 58 anos antes da sua eventual conclusão. O projeto foi uma colaboração entre animador americano Walt Disney e pintor espanhol surrealista Salvador Dalí, e inclui música escrita pelo compositor mexicano Armando Dominguez. Os seis minutos de curta mostram a história do mal-fadado amor que Chronos tem para uma mulher mortal. A história continua como a fêmea dança através das paisagens surreais inspiradas por Salvador Dalí. Duração: 6 minutos.

Longa-metragem: Quando o vento sopra (Jimmy T. Murakami, 1986)
Quando o vento sopra conta a história do casal rural de idosos, Jim e Hilda Bloggs, moradores de Sussex, Inglaterra. Diante de um iminente ataque nuclear russo, os velhinhos decidem construir um abrigo seguindo as orientações da cartilha oficial do governo britânico, que com o o desenrolar da história se mostra absolutamente ineficaz. A inocência do casal que por vezes é utilizado para gerar uma doce comédia, contrapondo com o risco de um fim trágico. Baseado na graphic novel criada em 1982 pelo artista Raymond Briggs. Duração: 80 minutos

E NÃO SE ESQUEÇAM, EM JANEIRO TEM REPRISES ÀS QUARTAS FEIRAS (19:30)

Como já aconteceu em outros anos, os filmes que receberam as melhores notas do público no segundo semestre de 2010 serão reprisados nas quartas feiras de janeiro e na primeira quarta feira de fevereiro, sempre às 19:30. Confiram os filmes escolhidos:

19/01: Yesterday (Darrel Roodt, 2004) - Exibido em setembro, na temática Cinema Africano
Yesterday é uma moça do Sul da África que vem a adoecer e a descobrir que é portadora do vírus da Aids. A doença faz com que seu marido a rejeite, e, em meio a tanto sofrimento, que ela lute para sobreviver e ver sua filha indo para a escola. Duração: 93 minutos

26/01: O Homem Elefante (David Lynch, 1980) - Exibido em novembro, na temática David Lynch
John Merrick um inglês que vive recluso em um circo por ter uma doença que desfigurou seu rosto. Ele é descoberto por um médico, que deseja integrá-lo à sociedade não como um "esquisito", mas como alguém normal e culto. O problema é que as pessoas não estão prontas para isso, e John terá que sofrer muito para ser tratado como ser humano. Duração: 120 minutos

02/02: A um passo da liberdade (Jacques Becker, 1960) - Exibido em dezembro, na temática O Cárcere no Cinema
Grande clássico do cinema francês, A um passo da liberdade conta a história de um homem que divide a cela numa prisão em Paris com mais de quatro priosioneiros, aceita elaborar um meticuloso plano de fuga com os companheiros. Explêndida e sombria direção, com uma iluminação fantástica, excelente interpretações e um roteiro que é uma verdadeira aula. Maravilhoso testamento fílmico de Becker, sem dúvida seu melhor filme. Duração: 125 minutos.

Cartaz Programação Janeiro 2011 - Tema: Animações