sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Crítica: Quando o vento sopra (Jimmy T. Murakami, 1986)

por JohnSamus
Extraído de http://boiaodecultura.blogspot.com/2008/11/when-wind-blows.html

"...It's no fairy tale."

"When the wind blows", realizado por Jimmy T. Murakami (1986), é dos melhores filmes de animação que eu já vi. Desde a sua história até à sua simples, e ao mesmo tempo inocente, animação, todo o filme é genial. Passado numa Inglaterra rural, "When the wind blows" conta-nos a história de um casal de idosos que se tenta preparar para a iminente queda de uma bomba nuclear, construindo um abrigo conforme as normas dos panfletos criados pelo Governo. Um filme sobre a inocência e a passagem dos tempos, onde um casal tenta sobreviver a algo que simplesmente não compreende, muito menos imaginar os danos que lhes irá causar. A própria ideia da radiação lhes passa ao lado, pensando que é apenas mais uma daquelas bombas utilizadas durante a Segunda Guerra Mundial, e que se, palavras-chaves, o Governo diz que tudo ficará bem, é porque tudo ficará bem.

Este deve ser dos filmes mais poderosos que vi nos últimos tempos. É de uma crueldade tremenda e ao mesmo tempo apresenta-nos uma inocência e alegria que nunca estariamos à espera. Ligamo-nos ao casal simpático de idosos e à sua crença que "tudo ficará bem", e nós próprios pensamos que alguém os irá ajudar e que, se for preciso, nem caiu nada...mas como a tagline deste filme diz: "...It's no fairy tale".

É um caminhar para a morte, nós sabemos que é inevitável, mas eles não sabem. Não percebem os sintomas da radiação, não percebem o que raio caiu no seu pais e nem percebem que o abrigo que construiram nunca os poderia proteger da bomba mais mortifera construida pelo homem. Eles não sabem, o Governo nada diz e nós desesperamos ao ver o que lhes acontece.

Duas personagens, sempre no mesmo espaço e 80 minutos de duração, fazem deste filme um dos filmes mais geniais que vi e uma lição para todos os argumentistas deste mundo (qualquer dia, poderei dizer que sou um deles). Consegue provar que a simplicidade consegue ser muito mais forte que uma história demasiado complicada, actos tão normais e ao mesmo tempo tão devastadores que nos afectam muito mais, deixando-nos a pensar sobre eles durante dias. A animação não chama muito a atenção, simples e eficaz, os desenhos contrastam com a história que contam, e os velhotes estão bem caracterizados pelas suas personalidades. A senhora como a mulher que confia no seu marido, e o marido como aquele que pensa ter tudo controlado, que confia no seu governo, mas que acaba por saber que tudo está mal, mas que quer proteger a sua mulher dessa verdade.

A música é composta por nomes como Roger Waters (ex- Pink Floyd), David Bowie e ainda os Genesis, numa banda sonora esmagadora e satirica, principalmente no grandioso final. Nunca gostei tanto de ouvir a voz do Roger Waters como nesta banda sonora, fazendo o filme muito mais poderoso, dramático e ao mesmo tempo com aquela inocência dos personagens, transparecendo uma alegria muito mais triste do que aquilo que queriamos (porque nós sabemos o que lhes vai acontecer, mas eles não sabem).

É um filme que ficará com vocês. Depois de o verem, irão comentá-lo com os vossos amigos, aocnselhá-lo e sonhar com ele. Se não o conseguirem arranjar, o filme está no youtube, a qualidade não é a melhor, mas ao menos está completo. Experimentem, não se vão arrepender.

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