sexta-feira, 27 de maio de 2011

28/05: Novos Baianos Futebol Clube (Solano Ribeiro, 1973)

Novos Baianos Futebol Clube - Solano Ribeiro (1973)

Sinopse
Novos Baianos F. C., gravado há 35 anos para uma emissora de TV alemã e que permanece inédito até hoje no Brasil. Em quase duas horas de filme, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Baby Consuelo e companhia são flagrados em ações cotidianas, jogando futebol, cuidando de crianças e, claro, fazendo música. É um retrato fiel do estilo riponga do qual os baianos eram um ícone no começo dos anos 70.

As músicas desse mágico documentário são de dois discos antológicos da Música Popular Brasileira, "Acabou Chorare" e "Futebol Clube", do momento mais criativo da banda, Moraes Moreira compondo muito, Galvão o poeta escrevendo demais, Pepeu mandando brasa na guitarra, Paulinho Boca de Cantor soltando o gogó brasileiríssimo, a menina dança Baby arrepiando, e aqueles músicos fantásticos que faziam um som único e grandioso.

A abertura com Brasil Pandeiro do genial Assis Valente, imortalizada pelos Novos Baianos, e na sequência clássicos, como "A menina dança", "Preta Pretinha", ao vivo no quintal no sítio Cantinho do Vovô, em Jacarepaguá, local onde os Novos Baianos viviam numa comunidade familiar de paz, amor e muita música. O câmera brinca com o humor oscilante e a malandragem de Paulinho Boca de Cantor em Mistério do Planeta, a fantástica versão de "Besta é Tu" no interior da casa, com toda a percussão maravilhosa num clima de naturalidade e de um Brasil brasileiro vibrante e resplandecente e muitas outras músicas, momentos e emoções captadas magistralmente por Solano Ribeiro com uma filmagem de profunda sensibilidade a altura da riqueza da música dos Novos Baianos.

O filme rendeu ao diretor, Solano Ribeiro, uma premiação no Festival Europeu de Televisão, realizado na Áustria. O produtor é conhecido como o idealizador dos famosos festivais de música popular brasileira da TV Record. Entre outros artistas, lançou Elis Regina, Nara Leão, Chico Buarque, Tom Zé, Mutantes e Raul Seixas.
É um tesouro cultural de valor incalculável.
"Abre a porta e a janela e vem ver o sol nascer..."

p.s. Como este documentário é curto (30 minutos de duração) exibiremos também outro mini documentário sobre Os Mutantes, dirigido por Antônio Carlos da Fontoura em 1970 (6 minutos).

quinta-feira, 19 de maio de 2011

21/05: Loki - Arnaldo Batista (Paulo Henrique Fontanelle, 2009)

Loki - Arnaldo Batista - Paulo Henrique Fontanelle (2009)

Sinopse
Cinebiografia do músico Arnaldo Baptista, ex-integrante dos Mutantes, contada através de um quadro traçado pelo próprio artista. A pintura é intercalada com imagens históricas que remetem aos principais momentos de sua trajetória artística, que fizeram dele um dos grandes nomes do rock brasileiro. Depoimentos de Tom Zé, Nelson Motta, Gilberto Gil, Sean Lennon, entre outros. Duração: 120 minutos.

Assista aqui ao trailer.

Crítica: Loki - Arnaldo Batista (Paulo Henrique Fontanelle, 2009)

por Ana Martinelli
Extraído de http://cinema.cineclick.uol.com.br/criticas/ficha/filme/loki-arnaldo-baptista/id/2171


sinto o pulso de todos os tempos, comigo

até quando eu não sei

sinto o barato de ser ser humano, comigo

até quando, até quando Deus quiser.

O trecho acima faz parte da música Desculpe, do álbum Lóki?, de Arnaldo Baptista. O nome do primeiro álbum solo do eterno Mutante também dá nome ao documentário de Paulo Henrique Fontenelle, Loki – Arnaldo Baptista.

Produção do Canal Brasil, Loki – Arnaldo Baptista é muito fácil de assistir, por sua linguagem simples, direta, televisiva. O filme ganha com o tom despretensioso, Fontenelle deixa o espectador muito a vontade para se envolver com o personagem e sua trajetória de vida. Talvez a opção dê-se por conta da genialidade de seu objeto, podemos pensar em algo do tipo: ‘não temos a pretensão de ser tão genial quanto o gênio’. Mas pode ser também por falta de ousadia, pois o personagem permitia uma maior experimentação de linguagem.

Fontenelle acumula as funções de roteirista, diretor e montador. Logo, pressupõe-se que ele conhecia como ninguém o rico material que tinha em mãos e teve acesso privilegiado à Baptista, ex-Mutantes com exceção de Rita Lee, Tom Zé, Lobão, amigos e familiares. Cabia a ele a função de cortar os excessos e, certamente, o filme ganharia se fosse encurtado em pelo menos 20 minutos. O diretor faz um bom trabalho ao aproximar-se carinhosamente do mundo de Baptista, descortinar o que ele tem de mais precioso: seu senso de humanidade. Justamente por esta razão o filme merece ser visto, Arnaldo Baptista é absolutamente fascinante.

Arnaldo Baptista hoje dedica grande parte de seu tempo à pintura e Loki começa justamente com um quadro em branco. Com este recurso começamos o filme com um quadro a ser pintado, com as possibilidades de alçar vôo, a tela em branco é o convite à jornada e, cabe ao próprio Baptista a tarefa de pintá-la.

A ideia de construir com o espectador o quadro representando o caminho da narrativa da pintura pelo documentário é interessante e, apesar de não ser tão formal (leia-se muito "careta"), o filme é didático. Segue uma linha cronológica, aproveita-se de “ganchos” das falas dos entrevistados ou de frases musicais para introduzir e encadear a narrativa por temas. Flerta com a busca de imagens e sons mais poéticos ao sobrepor passado e presente.

Sem dúvida, é delicioso conhecer mais e, para alguns, até reviver os tempos dos Mutantes. Compartilhar a inocência e as rupturas do jovem grupo que revolucionou a música brasileira fazendo o bom e "novo" rock´n´roll. Mas Loki é sobre Arnaldo Baptista, o homem, que é também músico, compositor, que mantém uma pureza no olhar de causar inveja às crianças mais inocentes, mas que sofreu por viver para e pela música e nesta trajetória há passagens obscuras, drogas, depressão e mesmo uma tentativa de suicídio. Confortador, o documentário trata tudo com leveza, reverência, sem contestação.

Nos últimos tempos, o documentário brasileiro tem se dedicado a resgatar a memória musical do país, entre eles Um Homem de Moral, sobre Paulo Vanzolini, Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Deu e Cantoras do Rádio. Em breve teremos Raul Seixas: O Início, o Fim e o Meio. Loki – Arnaldo Baptista vem contribuir neste sentido, mas o seu maior trunfo não é a música em si. Arnaldo Baptista é um gênio, entrar em sua sintonia é um deleite!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

13/05: SESSÃO ESPECIAL DA VIRADA: A Palavra (En)Cantada (Helena Solberg, 2008)

A Palavra (En)Cantada - Helena Solberg (2008)

Sinopse
Palavra (En) Cantada percorre uma viagem na história do cancioneiro brasileiro com um olhar especial para a relação entre poesia e música. Dos poetas provençais ao rap, do carnaval de rua aos poetas do morro, da bossa nova ao tropic...alismo, o filme traça um panorama da música brasileira até os dias de hoje, costurando depoimentos emocionantes, performances musicais e surpreendente pesquisa de imagens. Com depoimentos de Chico Buarque, Maria Bethânia, Martinho Da Vila, Tom Zé, Zelia Duncan, Jorge Mautner, Arnaldo Antunes, Lenine, Lirinha, entre outros. 84 minutos.
Mais informações, aqui (site oficial do filme).
Assista aqui ao trailer.

ESSA SESSÃO OCORRERÁ ESPECIALMENTE ÀS 23 HORAS NO ESPAÇO CULTURAL, APÓS A FESTA DA MANDIOCA, COMO PARTE DA PROGRAMAÇÃO DA VIRADA CULTURAL DE BOTUCATU.

Crítica: A Palavra (En)Cantada (Helena Solberg, 2008)

por Celso Sabadin
Extraído de http://cinema.cineclick.uol.com.br/criticas/ficha/filme/palavra-en-cantada/id/2076

Quem acompanha cinema já está cansado de saber da verdadeira explosão de documentários brasileiros que têm chegado às nossas telas. Nem todos conseguem encontrar um bom tema. Só sobre paraquedismo tivemos dois quase simultaneamente. Também não são todos que desenvolvem o assunto escolhido com conteúdo e interesse cinematográfico, mas tudo bem. Da quantidade acaba saindo a qualidade.

Exemplo desta qualidade é Palavra (En)Cantada, documentário dirigido e co-roteirizado por Helena Solberg que teve a criatividade e a ousadia de buscar um tema tão fascinante quanto abstrato e, convenhamos, não muito fácil de desenvolver em linguagem fílmica: as relações entre a música popular brasileira, a poesia e a literatura.

Por meio de depoimentos de músicos, professores e especialistas, o filme sustenta com credibilidade a tese de que a produção musical popular tem qualidade por ser uma extensão sonora da nossa forte tradição oral de contar histórias, que por sua vez é fruto de uma crônica ignorância erudita e literária de nossas raízes colonizadoras, incapazes de perpetuar nossa cultura por meio da palavra escrita. Parece acadêmico demais? Pode até ser. Mas, se por um lado o documentário levanta este tipo de questão, por outro ele é despojado o suficiente para registrar Tom Zé (sempre ele) dizendo que antigamente a música entrava pelos ouvidos e hoje, graças aos poderosos sistemas de som dos automóveis, "ela entra pela bunda. É uma loucura!".

Ou seja, o filme disseca o tema sob variados pontos de vista. Ou pontos de ouvido. E brinda o espectador com belos momentos de música e poesia protagonizados por, entre outros, Adriana Calcanhoto, Arnaldo Antunes, Chico Buarque, Lenine, Maria Bethânia, Martinho da Vila. De quebra, ainda exibe imagens inéditas no Brasil, como a encenação da peça Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, no Festival de Teatro Universitário de Nancy, na França, em 1966, e cenas raras (restauradas pela própria produção do filme) de Dorival Caymmi cantando O Mar, nos anos 40.

Helena Solberg, que já havia demonstrado talento e sensibilidade no documentário Carmen Miranda - Banana is My Business e na ficção Vida de Menina, acerta novamente com Palavra (En)Cantada, filme premiado como Melhor Direção de Longa Documentário do Festival do Rio 2008. Talvez tivesse faltado apenas um depoimento, ainda que breve, da ótima dupla musical paulista denominada, justamente, Palavra Cantada.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

07/05: Uma Noite em 67 (Renato Terra & Ricardo Calil, 2010)

Uma Noite em 67 - Renato Terra & Ricardo Calil (2010)

Sinopse
Final do III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em 21 de outubro de 1967. Entre os candidatos que disputavam os principais prêmios figuravam Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil com os Mutantes, Roberto Carlos, Edu Lobo e Sérgio Ricardo, protagonista da célebre quebra da viola no palco e lançado para a platéia, depois das vaias para “Beto Bom de Bola”. Com imagens de arquivo e apresentações de músicas como “Roda Viva”, “Alegria Alegria”, “Domingo no Parque” e “Ponteio”, o filme registra o momento do tropicalismo, os rachas artísticos e políticos na época da ditadura e a consagração de nomes que se tornaram ídolos até hoje no cenário musical brasileiro. Duração: 93 minutos.

Assista aqui ao trailer.

Crítica: Uma Noite em 67 (Renato Terra & Ricardo Calil, 2010)

por Mattheus Rocha
Extraído de http://www.cinemanarede.com/2010/07/critica-uma-noite-em-67.html

A impressão que tive de Uma Noite em 67 é que a intenção do documentário é desmistificar ídolos da música popular brasileira, os humanizando, ao mostrar os bastidores daquele memorável Festival de MPB que chegou a incomodar até a ditadura militar. Os então garotos de vinte e poucos anos Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Roberto Carlos e Edu Lobo, entre outros (alguns até então jovens desconhecidos, como os revolucionários Mutantes), apesar de famosos, eram pessoas comuns - e ainda o são. Eles também têm medo, ficam nervosos e, de vez em quando, até embolam o meio de campo ao dar uma entrevista.

Uma Noite em 67 não tem a pretensão de ser um filme sobre política, ideologia e afins. É um documentário sobre seis canções - Roda Viva (Chico Buarque e MPB4); Alegria, Alegria (Caetano Veloso); Domingo no Parque (Gilberto Gil e Os Mutantes); Ponteio (Edu Lobo); Maria, Carnaval e Cinzas (Roberto Carlos) e Beto Bom de Bola (Sérgio Ricardo) -, que tinham como pano de fundo um dos períodos históricos mais turbulentos da história brasileira: a ditadura. O próprio programa de TV que produzia o Festival não tinha pretensões de ser mais do que um programa de TV, preocupado apenas em entreter o público e os telespectadores com fórmulas de roteiro televisivo para gerar mais audiência.

Em 21 de outubro de 1967, o III Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, colocou para competir pelos primeiros lugares da competição artistas hoje considerados fundamentais para a história da MPB. Tropicalismo explodindo, MPB rachando, passeata contra a guitarra elétrica, vaias e aplausos fervorosos como se a plateia fosse uma torcida de futebol, violão quebrado e arremessado ao público, músicos com firmes visões políticas que seriam refletidas em suas composições, entrevistas da época e atuais com os protagonistas do Festival, o jurado Sérgio Cabral e o produtor Solano Ribeiro, entre outros... Para os amantes da música brasileira, Uma Noite em 67 é um documentário obrigatório.

Programação Maio 2011: A Música Popular Brasileira no Cinema

No mês de maio de 2011, o Cine Clube Ybitu Katu terá como tema filmes que retratam a história da música popular brasileira.

O Cine Clube Ybitu Katu exibe:

07/05: Uma Noite em 67 (Renato Terra & Ricardo Calil, 2010)
Final do III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em 21 de outubro de 1967. Entre os candidatos que disputavam os principais prêmios figuravam Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil com os Mutantes, Roberto Carlos, Edu Lobo e Sérgio Ricardo, protagonista da célebre quebra da viola no palco e lançado para a platéia, depois das vaias para “Beto Bom de Bola”. Com imagens de arquivo e apresentações de músicas como “Roda Viva”, “Alegria Alegria”, “Domingo no Parque” e “Ponteio”, o filme registra o momento do tropicalismo, os rachas artísticos e políticos na época da ditadura e a consagração de nomes que se tornaram ídolos até hoje no cenário musical brasileiro. Duração: 93 minutos.

14/05: A Palavra (En)Cantada (Helena Solberg, 2009)
Palavra (En)Cantada é um documentário de longa-metragem (86min), dirigido por Helena Solberg, que percorre uma viagem na história do cancioneiro brasileiro com um olhar especial para a relação entre poesia e música. Dos poetas provençais ao rap, do carnaval de rua aos poetas do morro, da bossa nova ao tropicalismo, Palavra (En)cantada passeia pela música brasileira até os dias de hoje, costurando depoimentos de grandes nomes da nossa cultura, performances musicais e surpreendente pesquisa de imagens. Duração: 86 minutos.
Essa sessão especialmente será realizada às 23 horas no Espaço Cultural de Botucatu, como parte da programação da Virada Cultural de Botucatu.

21/05: Loki - Arnaldo Baptista (Paulo Henrique Fontenelle, 2009)
Cinebiografia do músico Arnaldo Baptista, ex-integrante dos Mutantes, contada através de um quadro traçado pelo próprio artista. A pintura é intercalada com imagens históricas que remetem aos principais momentos de sua trajetória artística, que fizeram dele um dos grandes nomes do rock brasileiro. Depoimentos de Tom Zé, Nelson Motta, Gilberto Gil, Sean Lennon, entre outros. Duração: 120 minutos.

28/05: Novos Baianos Futebol Clube (Solano Ribeiro, 1973)
Novos Baianos F. C., gravado há 35 anos para uma emissora de TV alemã e que permanece inédito até hoje no Brasil. Em quase duas horas de filme, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Baby Consuelo e companhia são flagrados em ações cotidianas, jogando futebol, cuidando de crianças e, claro, fazendo música. É um retrato fiel do movimento hippie do qual os baianos eram um ícone no começo dos anos 70. Duração: 35 minutos.