sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Cinema Húngaro


       Ainda que a cultura desse intrigante país seja pouco difundida, a partir da década de 1950, emergiu na Hungria, emergir uma grande série de filmes e cineastas que marcariam o cinema mundial. O surgimento da nouvelle vague na França, nos anos 50 influenciou toda uma nova geração de diretores europeus que romperiam com a rigidez da antiga produção cinematográfica e produziriam filmes com uma grande dose de rebeldia e liberdade. No contexto da repressão política do domínio soviético e da Guerra Fria, dois países do Leste Europeu, Hungria e Tchecoslováquia, criaram obras extremamente carregadas de alegorias e lirismo, onde transbordavam ensejos de liberdade e maior reflexão política. O primeiro dos grandes diretores húngaros seria Zoltán Fabri (1917-1994), ainda que desligado da influência francesa e preso aos modelos mais tradicionais de produção cinematográfica, produziria grandes obras como O Carrossel da Vida e do Amor (1956), Two half times in hell (1962) e Esta Rua é Nossa (1969), uma emocionante adaptação do clássico livro Os Meninos da Rua Paulo do escritor húngaro Ferenc Mólnar. Entretanto, seria com a obra de Miklos Jancsó (1921) que o cinema húngaro atingiria notoriedade mundial. A cinematografia de Jancsó é caracterizada por seu estilo visual próprio, carregado de cores quentes, pela presença constante de coreografias, tomadas longas e grande profundidade história e rural, retratada como uma grande alegoria à Hungria comunista de sua época. Muitas vezes, é apontado como o maior diretor húngaro da história, tendo produzido um grande número de obras primas, entre elas, Os Sem Esperança (1966), Vermelhos e Brancos (1967), O Salmo Vermelho (1972) e Electra, meu amor (1974). Se a obra de Jancsó era carregada de alegorias, Istvan Zabó (1938) produziria um cinema mais direto, mais cru, tornando-se um ícone do cinema político. Muitas vezes, é apontado como um dos maiores cronistas das transformações históricas da Europa no século XX por conta de seus filmes Mephisto (1981) e Coronel Redl (1985). Atualmente, o nome mais badalado do cinema húngaro é Béla Tarr (1955). Ainda que retrate o esforço e o sofrimento de uma população sem esperança, Béla Tarr se afasta do cinema político e alegórico de seus antecessores e realiza um trabalho mais abstrato, de grande sensibilidade filosófica, abordando questões metafísicas e existenciais. Suas principais obras são Almanaque de Outono (1984), o recente O Cavalo de Turim (2011) e Sántántágo (1994), que tanto pela sua duração (sete horas e meia), quanto pela sua enorme riqueza poética, é considerada uma das maiores obras do cinema mundial. Nos últimos anos, a Hungria tem revelado uma série de novos nomes cujas obras vem ganhando cada vez mais reconhecimento nos circuitos e festivais internacionais, como Attila Janisch (Shadow on the snow, 1991; O Longo Amanhecer, 1997), Kornél Mundruczó (Delta, 2008; Filho terno: Projeto Frankestein, 2010) e o inusitado, experimental e muitas vezes excêntrico György Pálfi (Hukkle, 2002; Taxidermia, 2006).

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