Um filme que se limita formalmente para se concentrar no que se pretende essencial - a história e as representações, pressuposto comum aos outros filmes do manifesto Dogma 95. E se os "mandamentos dogmáticos" são na realidade um espartilho formal, possibilitam por outro lado uma aposta inequívoca no argumento e no trabalho dos actores. Dir-se-ia que se está em territórios algures entre o teatro filmado e o falso documentário.
"O Rei está vivo", apesar de me parecer um pouco inferior a "A Festa" e "Os Idiotas", mostra-se um filme deveras interessante, algo chocante, mas sempre fértil. Encena uma situação de difícil cabimento no nosso quotidiano para melhor estudar os comportamentos humanos, os seus limites e a sua natureza.
Não pude evitar - fecunda coincidência! - pensar no "Big Brother" televisivo, a propósito deste filme. E pensei o quão pequeninos são os horizontes do programa no seu propósito de laboratório humano quando comparados com o cinema e o seu poder maior de nos dar a ver coisas muito próximas da experiência directa, densa e complexa.
É impressionante observar como, na grande maioria das personagens, o lento caminho para o desespero leva a expulsarem aquilo que têm de pior, de mais egoísta e de mais feio enquanto seres humanos. Perspicaz, a personagem talvez mais humana (o pseudo-encenador do Rei Lear) refere-se à redutibilidade animal de cada um dos seus companheiros, antecipando a luta feroz pela sobrevivência, física, mas muito mais mental. As tensões entre as personagens vão gerando o triste strip-tease da essência humana, criando divisão onde se exigia união e egoísmo onde se exigia solidariedade.
Independentemente do seu desequilíbrio narrativo e dos seus altos e baixos emocionais e interpretativos, é justo destacar o mérito deste filme em suscitar, primeiro, a autoreflexão e, depois, a discussão mais ou menos acesa de um tema tão fascinante quanto o das relações humanas.
"O Rei está vivo", apesar de me parecer um pouco inferior a "A Festa" e "Os Idiotas", mostra-se um filme deveras interessante, algo chocante, mas sempre fértil. Encena uma situação de difícil cabimento no nosso quotidiano para melhor estudar os comportamentos humanos, os seus limites e a sua natureza.
Não pude evitar - fecunda coincidência! - pensar no "Big Brother" televisivo, a propósito deste filme. E pensei o quão pequeninos são os horizontes do programa no seu propósito de laboratório humano quando comparados com o cinema e o seu poder maior de nos dar a ver coisas muito próximas da experiência directa, densa e complexa.
É impressionante observar como, na grande maioria das personagens, o lento caminho para o desespero leva a expulsarem aquilo que têm de pior, de mais egoísta e de mais feio enquanto seres humanos. Perspicaz, a personagem talvez mais humana (o pseudo-encenador do Rei Lear) refere-se à redutibilidade animal de cada um dos seus companheiros, antecipando a luta feroz pela sobrevivência, física, mas muito mais mental. As tensões entre as personagens vão gerando o triste strip-tease da essência humana, criando divisão onde se exigia união e egoísmo onde se exigia solidariedade.
Independentemente do seu desequilíbrio narrativo e dos seus altos e baixos emocionais e interpretativos, é justo destacar o mérito deste filme em suscitar, primeiro, a autoreflexão e, depois, a discussão mais ou menos acesa de um tema tão fascinante quanto o das relações humanas.
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