por Luiz Carlos Merten
Extraído de http://blogs.estadao.com.br/luiz-carlos-merten/os-companheiros/
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Ocorrem certas coincidências que… No post anterior, sobre as indicações de Buñuel para o OScar, fui checar quem havia recebido o Oscar de melhor filme estrangeiro de 1978, quando o mestre teria sido (foi?) indicado pela segunda vez por ‘Esse Obscuro Objeto de Desejo’. O vencedor foi ‘Préparez Vos Mouchoirs’, dirigido por Bertrand Blier, filho do ator Bernard Blier. Querendo explicar quem era o pai, citei-o como intérprete de filmes de Mario Monicelli. Ia até citar ‘Os Companheiros’ (I Compagni), de 1963. Larguei o blog e fui fazer os filmes na TV de amanhã. Eis que a Rede Brasil anuncia para segunda, às 22 horas, que filme? Tã-tã-tã. Justamente ‘Os Companheiros’, com Marcello Mastroianni, Annie Girardot, Renato Salvatori, Bernard Blier, Folco Lulli. Já devo ter falado aqui sobre este filme. O telespectador que poderá vê-lo amanhã não tem noção do que foi a estréia de ‘Os Companheiros’ no Brasil. Naquele tempo, os filmes não chegavam tão rapidamente, e menos, ainda, os estrangeiros que não fossem hollywoodianos. Se o filme é de 1963, devo tê-lo visto em 1964, 65, talvez até 66, ou seja, após a ditadura. ‘Os Companheiros’ era o tipo do filme – da realidade – que os militares queriam varrer do mapa. Mastroianni faz o professor Sinegaglia que chega a Turim, na virada do século 19 para o 20, para formar um sindicato e organizar a classe trabalhadora. ‘Os Companheiros’ teve sua vida nos cinemas, antes de chamar a atenção, e depois foi parar no circuito universitario, no sindical. Nada vai devolver a sensação de assistir a ‘I Compani’ na clandestinidade, ou quase, com as discussões que ocorriam depois. Monicelli é um grande diretor italiano. Fez comédias que se tornaram clássicas – ‘Os Eternos Desconhecidos’, ‘A Grande Guerra’, ‘O Incrível Exército de Brancaleone’, ‘Quinteto Irreverente’, ‘Parente É Serpente’ etc. As comédias de Monicelli são tragicomédias (é com hífen, agora?). ‘Os Companheiros’ talvez seja a exceção. É o grande drama de Monicelli e, no meu imaginário, Annie Girardot e Renato Salvatori, a dupla autodestrutiva de ‘Rocco’ – eles se haviam casado na vida – volta com força total. Sinegaglia é um homem politico. Vive para organizar os trabalhadores, mas é um solitário errante, de cidade em cidade. Faz muitos anos que não vejo ‘Os Companheiros’, desde a minha juventude. Curioso que a lembrança do filme me tenha voltado hoje, num viés, e ele agora esteja disponível para ser (re)visto amanhã. Me parece um chamamento difícil de resistir.
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