por Paula Cruz e Eduardo Maia
Extraído de http://www.facom.ufba.br/com112_2001_2/nouvellevague/historico.html
Extraído de http://www.facom.ufba.br/com112_2001_2/nouvellevague/historico.html
A Nouvelle Vague é certamente o mais significante desenvolvimento em cinema desde o neorealismo e, possivelmente, uma das poucas verdadeiras linhas divisórias da história cinematográfica. O termo surgiu para descrever uma variedade de fenômenos inter-relacionados, incluindo: (1) um novo enfoque crítico para filmes; (2) um grupo específico de críticos e, mais tarde, de diretores e equipes; (3) uma tendência dominante na produção francesa de filmes pós-1959.
O novo enfoque crítico pode ser esboçado no profissional francês Alexandre Astruc, que em 1948 celebrou o filme como "uma arte da nossa era" e anunciou a era da "caméra-stylo". Na metáfora de Astruc, o cineasta escreve com sua câmera, expressando a idéia de que o cinema tornou-se autônomo, com uma linguagem específica e é um modo legítimo de expressão artística.
As idéias de Astruc foram depois desenvolvidas em 1954, quando a revista Cahiers Du Cinéma, editada por André Bazin, publicou um artigo chamado "Uma Certa Tendência do Cinema Francês". O autor deste, François Truffaut, atacou impiedosamente o cinema francês por sua "tradução de qualidade", desaprovando não apenas a sua base em roteiros convencionais, mas também os diretores, que falharam em utilizar o meio de uma maneira pessoal. Truffaut clamou por uma Revolução Cinematográfica: um modo mais livre de fazer cinema, que significava mais locações externas nas filmagens; menos restrições dos estúdios, produtores ou roteiristas; um enfoque mais solto para o ato de atuar; e, mais importante, diretores que iriam escolher o próprio material e criar filmes pessoais, sempre consciente da natureza específica do meio cinematográfico.
A "teoria autoral" era o pilar do movimento da Nouvelle Vague. Foi criada em 1954 por François Truffaut, que ainda era apenas um crítico da revista francesa Cahiers Du Cinéma. Essa teoria afirma que uma pessoa, quase sempre o diretor, tem a única responsabilidade sobre o filme e que sua visão pessoal da sociedade pode ser observada na obra. Isso significa que o filme pode ser visto como uma produção individual, não muito diferente de um livro ou uma música.
Truffaut e seus colegas - particularmente Claude Chabrol, Jacques Rivette, Jean-Luc Godard e Eric Rohmer - continuaram a escrever críticas para a Cahiers Du Cinéma durante os anos 50, mas se tornaram cada vez mais interessados em se transformarem em diretores-autores. Em 1956, um jovem diretor chamado Roger Vadim obteve grande sucesso com Et Dieu... Créa La Femme, estrelando sua então esposa, Brigitte Bardod. No ano seguinte, Louis Malle surgiu com Ascenseur Pour L'Échafaud, um thriller inspirado no moldes americanos, com Jeanne Moreau. Assim que o dinheiro para produção começou a se tornar disponível para os jovens diretores, os críticos da Cahiers se posicionaram por detrás das câmeras. Chabrol estreou com Le Beau Serge (1958), Truffaut com Les Quatre Cents Coups (1959) e Godard com À Bout De Souffle (1959).
Apesar de cada filme expressar as preocupações pessoais de cada autor, cada um também refletiu os princípios básicos dos críticos da Cahiers. Em 1959, Truffaut (como crítico) foi oficialmente banido do Festival de Cannes, por causa de seus escritos impiedosos, mas seu filme Les Quatre Cents Coups (Melhor Diretor), juntamente com Orfeu Negro de Marcel Camus (Grand Prix) e Hiroshima, Mon Amour de Alain Resnais (Prêmio Internacional da Crítica), deu à França a varredura de três importantes prêmios do Festival.
O novo enfoque crítico pode ser esboçado no profissional francês Alexandre Astruc, que em 1948 celebrou o filme como "uma arte da nossa era" e anunciou a era da "caméra-stylo". Na metáfora de Astruc, o cineasta escreve com sua câmera, expressando a idéia de que o cinema tornou-se autônomo, com uma linguagem específica e é um modo legítimo de expressão artística.
As idéias de Astruc foram depois desenvolvidas em 1954, quando a revista Cahiers Du Cinéma, editada por André Bazin, publicou um artigo chamado "Uma Certa Tendência do Cinema Francês". O autor deste, François Truffaut, atacou impiedosamente o cinema francês por sua "tradução de qualidade", desaprovando não apenas a sua base em roteiros convencionais, mas também os diretores, que falharam em utilizar o meio de uma maneira pessoal. Truffaut clamou por uma Revolução Cinematográfica: um modo mais livre de fazer cinema, que significava mais locações externas nas filmagens; menos restrições dos estúdios, produtores ou roteiristas; um enfoque mais solto para o ato de atuar; e, mais importante, diretores que iriam escolher o próprio material e criar filmes pessoais, sempre consciente da natureza específica do meio cinematográfico.
A "teoria autoral" era o pilar do movimento da Nouvelle Vague. Foi criada em 1954 por François Truffaut, que ainda era apenas um crítico da revista francesa Cahiers Du Cinéma. Essa teoria afirma que uma pessoa, quase sempre o diretor, tem a única responsabilidade sobre o filme e que sua visão pessoal da sociedade pode ser observada na obra. Isso significa que o filme pode ser visto como uma produção individual, não muito diferente de um livro ou uma música.
Truffaut e seus colegas - particularmente Claude Chabrol, Jacques Rivette, Jean-Luc Godard e Eric Rohmer - continuaram a escrever críticas para a Cahiers Du Cinéma durante os anos 50, mas se tornaram cada vez mais interessados em se transformarem em diretores-autores. Em 1956, um jovem diretor chamado Roger Vadim obteve grande sucesso com Et Dieu... Créa La Femme, estrelando sua então esposa, Brigitte Bardod. No ano seguinte, Louis Malle surgiu com Ascenseur Pour L'Échafaud, um thriller inspirado no moldes americanos, com Jeanne Moreau. Assim que o dinheiro para produção começou a se tornar disponível para os jovens diretores, os críticos da Cahiers se posicionaram por detrás das câmeras. Chabrol estreou com Le Beau Serge (1958), Truffaut com Les Quatre Cents Coups (1959) e Godard com À Bout De Souffle (1959).
Apesar de cada filme expressar as preocupações pessoais de cada autor, cada um também refletiu os princípios básicos dos críticos da Cahiers. Em 1959, Truffaut (como crítico) foi oficialmente banido do Festival de Cannes, por causa de seus escritos impiedosos, mas seu filme Les Quatre Cents Coups (Melhor Diretor), juntamente com Orfeu Negro de Marcel Camus (Grand Prix) e Hiroshima, Mon Amour de Alain Resnais (Prêmio Internacional da Crítica), deu à França a varredura de três importantes prêmios do Festival.
Nos anos seguintes, a história da indústria francesa foi transformada por esse surgimento de novos diretores, atores e idéias. Truffaut, Godard, Chabrol, Rivette, Rohmer e Resnais estavam, claro, no centro desse movimento, mas dúzias de outros novos diretores franceses lucraram com trabalhos de sucesso. A Nouvelle Vague francesa obteve ramificações internacionais, influenciando movimentos como o Cinema Novo brasileiro. O grau de persuasão das idéias do grupo também forçou historiadores em cinema e teóricos a reavaliarem e reescreverem a história do cinema.
Cahiers Du Cinéma - A Cahiers du Cinéma era, se não o primeiro, certamente o mais influente dos periódicos sérios de cinema. Quatro anos após formar La Revue Du Cinéma em 1947, o crítico e teórico André Bazin, junto com Jacques Doniol-Valcroze, renomearam-na Cahiers Du Cinéma. O grupo de entusiastas que escrevia para a revista procedeu em reavaliar e redefinir a crítica de filmes. Apesar das opiniões do editor Bazin - principalmente seu firme apoio ao cinema orientado pela mise-en-scène - ter influenciado, de certo modo, os artigos, diferentes opiniões logo emergiram. Em Montage, Mon Beau Souci (N° 65, Dez/56), Godard se opôs a Bazin, argumentando pela montagem acima da mise-en-scène.
Contudo, os escritores da Cahiers dos anos 50 e começo dos anos 60 estavam unidos na sua campanha pela arte cinematográfica e na apreciação por artistas de cinema. Após a popular sublevação na França em Maio de 1968, os editores da Cahiers clamaram por uma nova dimensão do jornalismo de cinema, que iria confrontar a política natural inerente com o próprio filme ( Bazin não fazia parte desse grupo, pois morreu em 1958). Exemplos dessa nova dimensão incluem textos escritos coletivamente como Young Mr Lincoln, de John Ford. A revista publicou mais de quatrocentas edições e, apesar de não tão influente como fora, continua sendo um fórum para incisiva e inteligente crítica cinematográfica.
Cahiers Du Cinéma - A Cahiers du Cinéma era, se não o primeiro, certamente o mais influente dos periódicos sérios de cinema. Quatro anos após formar La Revue Du Cinéma em 1947, o crítico e teórico André Bazin, junto com Jacques Doniol-Valcroze, renomearam-na Cahiers Du Cinéma. O grupo de entusiastas que escrevia para a revista procedeu em reavaliar e redefinir a crítica de filmes. Apesar das opiniões do editor Bazin - principalmente seu firme apoio ao cinema orientado pela mise-en-scène - ter influenciado, de certo modo, os artigos, diferentes opiniões logo emergiram. Em Montage, Mon Beau Souci (N° 65, Dez/56), Godard se opôs a Bazin, argumentando pela montagem acima da mise-en-scène.
Contudo, os escritores da Cahiers dos anos 50 e começo dos anos 60 estavam unidos na sua campanha pela arte cinematográfica e na apreciação por artistas de cinema. Após a popular sublevação na França em Maio de 1968, os editores da Cahiers clamaram por uma nova dimensão do jornalismo de cinema, que iria confrontar a política natural inerente com o próprio filme ( Bazin não fazia parte desse grupo, pois morreu em 1958). Exemplos dessa nova dimensão incluem textos escritos coletivamente como Young Mr Lincoln, de John Ford. A revista publicou mais de quatrocentas edições e, apesar de não tão influente como fora, continua sendo um fórum para incisiva e inteligente crítica cinematográfica.
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