sexta-feira, 3 de abril de 2009

Biografia - Tomás Gutiérrez Alea

Tomás Gutiérrez Alea (11/02/1928-16/041996) foi um dos principais diretores de cinema cubano. Escreveu e dirigiu mais de 20 filmes, documentários e curta-metragens. Uma característica marcante de sua filmografia é o delicado equilíbrio que faz entre a dedicação à Revolução Cubana e a crítica sobre a situação econômica, social e política de Cuba.

Seu trabalho é representando de um movimento cinematográfico ocorrido nos anos 1960-1970, conhecido como o Novo Cinema Latino Americano que se mostrou bastante preocupado com a construção de uma identidade cultural latino-americana e com os problemas causados pelo neocolonialismo. Este movimento rejeitou a perfeição comercial de Hollywood, o cinema artístico europeu e procurou criar um cinema que servisse como instrumento político e de transformação social. De acordo com a estética do Novo Cinema Latino Americano, os filmes deveriam apresentar de forma clara um problema atual do seio da sociedade aos telespectadores, que se sentido como integrantes do filmes, estariam dispostos a se tornarem agentes de mudanças sociais.

Gutiérrez Alea, nascido em uma família de progressistas, graduou-se em Direito pela Universidade de Havana, em 1951 e foi estudar cinema no Centro Sperimentale di Cinematographia em Roma, graduando-se em 1953, sob grande influência do neo-realismo italiano. Em Roma, filmou seu primeiro longa, o documentário “El Mégano” (1953), com a ajuda de outro jovem cineasta cubano, Julio García Espinosa. Com o triunfo da Revolução Cubana em 1959, Alea, Espinosa e outros jovens cineastas fundaram o ICAIC (Instituto Cubano Del Arte y la Industria Cinematográficos), com a filosofia de que o cinema era a forma mais importante de arte moderna e que ele era o melhor meio para difundir o pensamento revolucionário entre o povo. O documentário “Esta Tierra Nuestra” (1959) de Gutiérrez Alea foi o primeiro filme realizado após o triunfo revolucionário. Nos primeiro anos de Revolução, o ICAIC se dedicou a documentários e noticiários da época, dedicando-se eventualmente a filmes de ficção, incluindo “Historias de la revolución” (1960) e “Las doce cadeiras” (1962) de Gutiérrez Alea.

Em 1966, Gutiérrez Alea alcança grande reconhecimento com o filme “Morte de um burócrata”, onde faz uma espécie de homenagem à história da comédia cinematográfica, fazendo alusões diretas ao trabalho de Buster Keaton, Laurel & Hardy e Luis Buñuel. Mas, é em 1968 é que Gutiérrez Alea produz o que seria considerada a sua maior obra-prima, “Memórias do Subdesenvolvimento”. Este filme é baseado no livro homônimo de Edmundo Desnoes e apresenta a história de um burguês, que ao ver sua família migrar para os EUA após o triunfo da revolução, decide ficar em Cuba e tentar entender o processo pelo qual Cuba está passando, mesmo sem estar disposta a tomar uma postura política. “Memórias do subdesenvolvimento” desde então, tornou-se um grande clássico do cinema latino-americano e mundial, sendo cultuado até hoje por seus longos plano-sequencia e pela colagem de imagens documentais, fotos, arquivos, clips de Hollywood e discursos de Fidel Castro e John F. Kennedy, criando um filme aparentemente desarticulado, mas bastante reflexivo.

A partir da década de 70, Gutiérrez dividiu o seu tempo entre o ensino de cinema a jovens cineastas e a direção de novos filmes. Em 1972 e 1976, respectivamente, Alea, lança mais dois filmes históricos “Una pelea cubana contra los demonios” e “La ultima cena”. Ambos os filmes são ambientados na época do domínio espanhol sobre Cuba e analisam as contradições da sociedade cubana da época, causadas pelo imperialismo, pela religião e pela escravidão. Em 1979 lança “Los Sobreviventes”, uma pequena obra-prima, mas ainda pouco conhecida do público.

Nos anos 1990, Gutiérrez adoece, forçando-o a dirigir seus próximos filmes com o amigo Juan Carlos Tabió. Em 1993, lançam “Morango e Chocolate” que alcançou um grande sucesso internacional e se tornou o primeiro filme cubano a ser indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Ele conta a história de uma conflituosa amizade entre um artista homossexual em um jovem comunista cubano. Em 1995, lançam “Guantanamera”, último filme de Gutiérrez Alea, que viria falecer em 16 de abril de 1996 aos 68 anos de idade.

Filmografia de Tomás Gutiérrez Alea:

1947 – La caperucita roja – Curta;
1950 – El fakir – Curta;
1950 – Una confusión cotidiana – Curta (Baseado no livro de Franz Kafka);
1953 – Il sogno de Giovanni Bassain – Curta;
1955 – El Mégano (com a colaboraçao de Julio García Espinosa);
1958 – La toma de La Habana por los ingleses;
1959 – Esta tierra nuestra;
1960 - Historias de la revolución;
1960 – Asamblea general;
1961 – Muerte al invasor;
1962 – Las doces sillas;
1964 – Cumbite;
1966 – La muerte de un burócrata;
1968 – Memorias del subdesarrollo;
1971 – Una pelea cubana contra los demonios;
1974 – El arte del tabaco;
1976 – La última cena;
1977 – De cierta manera.
1979 – Los sobrevivientes;
1983 – Hasta cierto punto;
1988 – Cartas del parque;
1991 – Contigo en la distancia;
1993 – Fresa y chocolate (co-dirigido com Juan Carlos Tabió);
1995 – Guantanamera (co-dirigido com Juan Carlos Tabió).

Visite aqui a página oficial de Tomás Gutiérrez Alea.

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