sexta-feira, 2 de abril de 2010

História do Cinema Mexicano

O Cinema chegou ao México apenas oito meses depois de sua primeira exibição em Paris pelas mãos de Claude Ferdinand Bon Bernard e Gabriel Veyre dois enviados franceses dos irmãos Lumière, os pais do cinema, para a divulgação do cinematógrafo na América Latina. Bernard e Veyre acabam permanecendo um período maior no México e acabam por realizar 35 filmes, considerados os primeiros da história do cinema mexicano, todos obras documentais sobre os políticos da época. Em 1896, Salvador Toscano Barragán abre a primeira sala de exibição e dois anos depois realiza o primeiro filme de ficção mexicano, Don Juan Tenorio (1896). O primeiro longa-metragem, no entanto, surgirá apenas em 1906, Fiestas presidenciales en Mérida (1906) de Enrique Rosas e primeira ficção longa metragem El grito de Dolores o La independencia de México (1907) de Felipe de Jesus Haro.

Com a Revolução Mexicana (1910), o cinema desse país dá um grande salto, realizando inúmeros registros documentais da revolução, sendo esta revolução o primeiro acontecimento histórico totalmente documentado pelo cinema. A chegada do som ao cinema mexicano nos anos 30 coincidiu com a visita do cineasta soviético Sergei Einsenstein que vem ao México gravar Que viva Mexico! (1931). Sua visita influenciou e estimulou o nascimento de um novo cinema mexicano, que, fortalecendo-se com o passar dos anos, forma uma verdadeira indústria cinematográfica nos anos 40 e 50, os chamados Anos de Ouro do Cinema Mexicano. Nesse período o cinema mexicano dominou a América Latina e imortalizou em toda a sua extensão atores como Pedro Infante, Dolores Del Río e o inesquecível Cantinflas, tendo como diretores principais nesse período Gabriel Figueroa e Emílio Fernández.

Em 1946 chega ao México o diretor espanhol Luis Buñuel que coloca definitivamente o México no mapa do cinema mundial. Fugindo da Guerra Civil Espanhola, Buñuel chega aos EUA em 1938 e depois de seguidos fracassos chega ao México em 1946, naturalizando-se. Luis Buñuel filma no México alguma de suas maiores obras primas Los Olvidados (1950); Él (1952), Nazarin (1958) e O Anjo Exterminador (1962). Suas obras eram carregadas de surrealismo já que era entusiasta desse movimento artístico, sendo inclusive amigo pessoal de Salvador Dali e juntos já haviam dividido a produção e a direção de O Cão Andaluz (1930) que à época mexeu com os alicerces do cinema mundial. Buñuel deixa o México após 1964, mas o surrealismo se mantém presente no cinema mexicano devido às obras do chileno radicado no México, Alejandro Jodorowsky. Jodorowsky migrou para o México em 1960, onde dirigiu peças de teatro, publicou histórias em quadrinhos e se iniciou como diretor de cinema em 1967 com Fando y Lis. Em 1971 lança El topo, um faroeste surrealista vanguardista. Com o apoio financeiro de Jonh Lennon, Jodorowsky lança em 1973 sua maior obra prima A Montanha Sagrada, tendo inclusive de ser obrigado a terminar as filmagens nos Estados Unidos já que vinha sendo ameaçado de morte pelo governo mexicano.

Durante os anos 80 o cinema mexicano passa por uma profunda crise, reerguendo-se apenas a partir dos anos 90 com os filmes Solo com tu pareja (Alfonso Cuáron, 1991), Cronos (Guilherme Del Toro, 1992) e Como água para chocolate (Alfonso Arau, 1992). Entretanto, é a partir dos anos 2000 que o México volta a surpreender o cinema mundial com obras que arrebatam diversos festivais internacionais. Diretores como Alejandro G. Iñarritu (Amores Brutos, 21 Gramas, Babel), Carlos Reygadas (Japón, Batalha no céu, Luz Silenciosa), Fernando Eimbecke (Temporada de Patos, Lake Tahoe) e Amant Escalante (Sangre, Los Bastardos) vêm atraindo a atenção do mundo para esse novo cinema mexicano e, apesar de possuírem estilos muito diferentes, unem o México culturalmente e levantam questões relevantes a toda a América Latina.

Nenhum comentário: