por Pedro Henrique
Extraído de http://tudoecritica.blogspot.com/2009/08/tempos-modernos.html
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O homem contra a máquina. Não só a máquina robótica e mecânica, mas a do sistema, que manipula e corroi a humanidade, a sociedade e o próprio sistema sócio-econômico mundial. Um sistema envenenado pela cobiça do homem. Uma luta infinita rumo à auto-destruição. Acredite, com muita alegria, criatividade e inteligência, Charles Chaplin fez de Tempos Modernos uma fábula do homem e da máquina, da fome e do poder, do comunismo e do capitalismo. É também um filme anárquico, quase filosófico, mas que crê num futuro rentável, apaziguado e consumido pela paz, onde homens e máquinas poderão caminhar lado a lado, não em direções opostas. Uma grande ideia e um argumento brilhante, mas que dificilmente funcionaria nas mãos de qualquer outro diretor - deste e de outros tempos. Além disso, o filme que de melhor maneira representa o poder da imagem e como ela pode contar uma história.
Em 1936 (data de lançamento de Tempos Modernos), o cinema falado já existia há dez anos, mas Chaplin continuava mudo. Na verdade, arriscou algumas falas aqui, mas nada mais que rádios, máquinas e o dono da fábrica, que "não guarda nenhuma semelhança com Henry Ford". Ademais, manteve a estrutura do cinema mudo, com diálogos textuais na tela quando as imagens não podiam imprimir o que se passava. Mais uma vez, a nível de sua filmografia, funcionou - e como nunca. Funcionou porque Chaplin era um mímico, um imitador elegante. Sabia como ninguém causar impressões, descrever cenários e personagens com o poder do gesto, do corpo e da alma. Tinha ética, linha de conduta, muitas ideias, sonhos, vontade de fazer. E fez.
Aqui, Chaplin satiriza, torna movimentos corporais parte da história, do subtexto argumentativo. Populariza e imortaliza seu personagem, o maior de todos: Carlitos, vulgo vagabundo. Dá voz (pela primeira e última vez) ao personagem em uma cena antológica, cantando uma canção inteligível. Um verdadeiro apanágio. Surge também como um alerta de que o homem, que da terra e de outros animais tira riqueza, pode viver em paz com a máquina. Há uma cena em especial que pincela esse argumento de Chaplin com exatidão, que é quando o vagabundo dança em volta de uma máquina enquanto os outros funcionários o perseguem. Ali, ele é um anarquista, pois diz não ao domínio, ao controle, à escravidão. Nesta cena, a máquina vira sua aliada, pois para impedir que seus colegas furiosos o peguem ele liga a máquina sempre quando alguém a desliga, fazendo-os voltar ao trabalho e deixando-o dançar, pois seus colegas ainda são reféns dela. Perfeita composição.
O filme trava um duelo simpático com o consumismo, desferindo golpes elegantes contra esta condição em que vivemos. Chaplin não critica tão somente a mecanização, mas também a outras questões sociais da época: comunismo, anarquismo, grande depressão americana, consumismo, fome, pobreza. Trabalhando com Paulette Goddard (sua excelentíssima esposa na época das filmagens e atriz muita bonita e simpática), o diretor fez um filme do coração, do pensamento revolucionário. É o último filme mudo de Chaplin, e que, mesmo não tendo diálogos, conta com música e efeitos sonoros.
Em 1936 (data de lançamento de Tempos Modernos), o cinema falado já existia há dez anos, mas Chaplin continuava mudo. Na verdade, arriscou algumas falas aqui, mas nada mais que rádios, máquinas e o dono da fábrica, que "não guarda nenhuma semelhança com Henry Ford". Ademais, manteve a estrutura do cinema mudo, com diálogos textuais na tela quando as imagens não podiam imprimir o que se passava. Mais uma vez, a nível de sua filmografia, funcionou - e como nunca. Funcionou porque Chaplin era um mímico, um imitador elegante. Sabia como ninguém causar impressões, descrever cenários e personagens com o poder do gesto, do corpo e da alma. Tinha ética, linha de conduta, muitas ideias, sonhos, vontade de fazer. E fez.
Aqui, Chaplin satiriza, torna movimentos corporais parte da história, do subtexto argumentativo. Populariza e imortaliza seu personagem, o maior de todos: Carlitos, vulgo vagabundo. Dá voz (pela primeira e última vez) ao personagem em uma cena antológica, cantando uma canção inteligível. Um verdadeiro apanágio. Surge também como um alerta de que o homem, que da terra e de outros animais tira riqueza, pode viver em paz com a máquina. Há uma cena em especial que pincela esse argumento de Chaplin com exatidão, que é quando o vagabundo dança em volta de uma máquina enquanto os outros funcionários o perseguem. Ali, ele é um anarquista, pois diz não ao domínio, ao controle, à escravidão. Nesta cena, a máquina vira sua aliada, pois para impedir que seus colegas furiosos o peguem ele liga a máquina sempre quando alguém a desliga, fazendo-os voltar ao trabalho e deixando-o dançar, pois seus colegas ainda são reféns dela. Perfeita composição.
O filme trava um duelo simpático com o consumismo, desferindo golpes elegantes contra esta condição em que vivemos. Chaplin não critica tão somente a mecanização, mas também a outras questões sociais da época: comunismo, anarquismo, grande depressão americana, consumismo, fome, pobreza. Trabalhando com Paulette Goddard (sua excelentíssima esposa na época das filmagens e atriz muita bonita e simpática), o diretor fez um filme do coração, do pensamento revolucionário. É o último filme mudo de Chaplin, e que, mesmo não tendo diálogos, conta com música e efeitos sonoros.
Como poucos, fazia valer do seu talento cômico. Carlitos, que aqui aparece derradeiramente, continua sensacional e muito bem vivido pelo seu criador. Aquele personagem é o cérebro de Chaplin, por isso o ícone mundial do repertório cinematográfico das grandes estrelas. Em Tempos Modernos, aliás, temos uma nova perspectiva no final, quando o diretor muda a tomada final pela primeira vez. Um novo caminho, talvez o fim de uma Era de sofrimento e miséria para uma nova de riqueza e felicidade, porque Chaplin nunca deixou de sonhar. O vagabundo era um gentleman, e tem aqui o seu tour de force.
Na crítica e na sátira, Chaplin não perdoava. Sua visão esquerdista era ampla e certeira, alfinetando a alta classe com categoria. Além disso, é lindo ver um gênio em ação, pois Chaplin conhecia todo processo da máquina e trabalhava intensamente em todas as áreas desde o início de seus filmes. Aqui, mais uma vez, em prol do desenvolvimento de uma obra-prima. Tempos Modernos sempre será um filme a ser lembrado e citado nas salas de debate. Chaplin era um formador de opiniões, que pensava na humanidade e na vida por trás das câmeras. Para Chaplin, o que realmente importava num filme não era a realidade, mas sim o que dela podemos extrair a imaginação. Isso é Tempos Modernos.
Na crítica e na sátira, Chaplin não perdoava. Sua visão esquerdista era ampla e certeira, alfinetando a alta classe com categoria. Além disso, é lindo ver um gênio em ação, pois Chaplin conhecia todo processo da máquina e trabalhava intensamente em todas as áreas desde o início de seus filmes. Aqui, mais uma vez, em prol do desenvolvimento de uma obra-prima. Tempos Modernos sempre será um filme a ser lembrado e citado nas salas de debate. Chaplin era um formador de opiniões, que pensava na humanidade e na vida por trás das câmeras. Para Chaplin, o que realmente importava num filme não era a realidade, mas sim o que dela podemos extrair a imaginação. Isso é Tempos Modernos.
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